A transformação da Conde da Boa Vista em via prioritária ao transporte público, com a construção do Corredor Leste-Oeste, não vai dificultar a circulação apenas na avenida. O sistema viário do entorno deverá sofrer transtornos, porque a previsão é que, sem opção, motoristas que antes utilizavam a avenida passem a trafegar por ruas paralelas e transversais. Vias estreitas, mal sinalizadas, já saturadas pelo grande volume de veículos recebidos diariamente.


A expectativa é que as Avenidas Manoel Borba e Suassuna e a Rua do Príncipe recebam o dobro do tráfego atual, que chega a quase 52 mil carros e ônibus diariamente. O taxista Marcos Antônio Mendonça, há cinco anos na profissão, é um dos motoristas que decidiram evitar a Conde da Boa Vista. “Se a prefeitura fosse liberar a avenida apenas para táxis, carros autorizados e motos, tudo bem. Mas isso não vai acontecer e só doido entrará de carro na Conde da Boa Vista. Vai ser uma dificuldade, principalmente, para pegar ou deixar um passageiro. Vou me estressar, gastar combustível e forçar meu carro. Prefiro usar outras ruas próximas”, afirmou.

A dificuldade citada pelo taxista para trafegar na avenida foi confirmada pelo JC. Na semana passada, um táxi parou para que um passageiro embarcasse, deixando uma fila de carros atrás dele e provocando a revolta de diversos motoristas. A atual faixa destinada ao tráfego de veículos particulares possui apenas três metros, sendo considerada estreita por muitas pessoas. “Se estivermos perto de uma das paradas de ônibus e vier um ciclista, por exemplo, não dá para o carro passar. Um caminhão, então, nem pensar. É melhor procurar outras rotas”, criticou o comerciante Carlos Reis, que costumava trafegar pela Conde da Boa Vista.

Quem trabalha ou reside nas vias que deverão receber um maior número de veículos se preocupa, porque as avenidas são estreitas e têm diversos problemas. Na Manoel Borba, importante ligação do Centro com o bairro da Ilha do Leite, usada também como acesso às Zonas Sul e Oeste da cidade, o volume de veículos é de quase 18 mil por dia. “Não cabe mais nada aqui. A partir das 16h, os congestionamentos chegam ao cruzamento com a Rua Gervásio Pires. Muita gente já utiliza a via e, se vierem mais carro, ficará ainda pior”, garante a vendedora Zuleide Alves, proprietária de uma banca.

A reclamação é a mesma na Avenida Visconde de Suassuna, com tráfego de 16 mil carros por dia, e na Rua do Príncipe, que recebe 18 mil veículos no mesmo período. Assim como a Manoel Borba, as vias são estreitas e, com exceção, da Suassuna, não têm sinalização horizontal, principalmente faixas de pedestres.

O Corredor Leste-Oeste é uma faixa exclusiva para ônibus ligando a Zona Oeste ao Centro. Terá continuidade a partir da Avenida Caxangá, seguindo pela Rua Benfica, Derby, até a Rua da Aurora. Tem custo de R$ 12 milhões e beneficiará 900 mil passageiros diários de ônibus. Segundo a prefeitura, será inaugurado na próxima segunda-feira.

Fonte: Jornal do Commércio