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Entrevista - Mendonça Filho

{ Posted on 22:30 by Edmar Lyra Filho }

Por Renata Gondim

Mendonça: Raul Henry não preocupa

Depois de um período deixando clara sua intenção de se contrapor à candidatura do petista João da Costa, o presidente do Democratas, Mendonça Filho, também demarca terreno que teoricamente seria do deputado federal Raul Henry (PMDB), que é o candidato do senador e ex-governador Jarbas Vasconcelos (PMDB). Nesta entrevista exclusiva à Folha de Pernambuco , Mendonça avisa que o eleitor saberá distinguir a atuação de cada um nas ações do Governo passado. Dele, como vice-governador e depois governador, e a de Henry, como secretário de Educação e de Planejamento. “Meu período como parceiro de Jarbas é muito compreendido e entendido pela população... Eu não tenho nenhuma preocupação em relação a isso”, disse. Mas ele não deixa passar em branco os casos envolvendo a Prefeitura, a exemplo do contrato com a Finatec.

O senhor vem afirmando que “a grande obra da Prefeitura do Recife é não fazer licitação”. O caso Finatec veio a credenciar essa crítica, que sempre serviu de base para a oposição municipal?

O caso Finatec é um em que a população do Recife cobra explicações porque envolve um volume de recursos na ordem de R$ 20 milhões, e os serviços que foram motivo dessa contratação não estão disponíveis para serem avaliados por todos, configurando, assim, um uso de dinheiro público absolutamente questionável. O episódio envolvendo a Finatec foi, inclusive, comprovado pelo próprio Tribunal de Contas do Estado (TCE), que rejeitou as explicações dadas pela Prefeitura e considerou o contrato irregular, desrespeitando a Lei 8.666, de licitações. Não é uma consideração apenas da base oposicionista. E, quando a gente analisa de forma mais abrangente a prática da Prefeitura no que se refere à contratação de serviços e obras, a gente se dá conta de um número enorme de dispensas de licitações e de contratações que, no mínimo, colocam a prefeitura petista como um órgão que tem muito pouco cuidado e que desperdiça o dinheiro público.



Ao longo desta semana, outras denúncias mostraram que ex-consultores da Finatec compõem o quadro de servidores da PCR. O senhor acredita que novos fatos podem surgir neste caso?

Esse caso está longe de terminar. O que a sociedade quer e deseja são explicações e o conhecimento pleno dessa realidade que coloca, lamentavelmente, o Recife num panorama de desgaste a nível nacional, já que os fatos envolvendo a Finatec hoje estão sendo apurados em uma CPI no Congresso Nacional.

A criação de uma CPI da Finatec na Câmara de Vereadores é o melhor meio para se “passar a limpo” essas denúncias? Porque, até o momento, o prefeito João Paulo não vem colaborando com os pedidos de informação dos parlamentares...

Eu entendo que os meios necessários para o esclarecimento de fatos que envolvem o emprego de dinheiro público devem ser buscados na maior plenitude possível. Nós já tivemos uma posição oficial do TCE, o Ministério Público tem acompanhado essa questão, o Ministério Público Federal já tomou depoimentos em Brasília. Então, esperamos que os órgãos de controle e acompanhamento apresentem à sociedade a realidade dos fatos que estão sendo denunciados. Agora, eu prefiro sempre evitar avaliar posturas pessoais. Do ponto de vista de gestão, a administração petista é pouco aberta ao esclarecimento de fatos como esse. Eu acho que a gente tem que ter sempre a postura de que os dados são públicos, as informações públicas, para que a população possa acompanhar.

Somando-se ao parque Dona Lindu e à revitalização do calçadão de Boa Viagem, o caso Finatec promete ser o grande mote desta eleição?

Não no nosso caso. O nosso mote serão com certeza propostas, projetos que signifiquem oferecer à população um Recife melhor. Ou seja, quando a gente se depara nas ruas da cidade com problemas envolvendo serviços básicos de saúde, falta de medicamentos, de médicos especialistas para atender à população, o próprio funcionamento das unidades de saúde que deixam a desejar e, ao mesmo tempo, no campo social, a educação do Recife colocada como a pior entre as 27 capitais do Brasil, isso indica claramente que a nossa direção será a de apresentar propostas que busquem a solução desses problemas.

Mas ao mesmo tempo o senhor não deixa as críticas de lado.

Lógico que esses fatos já estão no debate político. Quando a gente discute, por exemplo, o parque Dona Lindu, a gente pode considerar aspectos relativos ao processo licitatório de contratação da empresa responsável pela obra, uma obra de R$ 30 milhões, de um volume de recursos enorme, que está, inclusive, sendo questionada pelo Ministério Público Estadual. Mas a base da discussão tem que ser a questão do interesse da comunidade. O que a Prefeitura do PT hoje pratica é uma inversão de prioridades.

Durante evento nesta última quinta-feira, com os pré-candidatos a vereadores do DEM, o senhor afirmou que era preciso renovar os quadros políticos para “limpar a política”. Caso contrário, corria-se o risco de ficarem apenas os “cabra-safados”. A quem o senhor se referia?

De forma geral, aos fatos que se acompanham no dia-a-dia da política nacional. E não são poucos os Waldomiros Diniz da vida com atos de corrupção, atos relativos a toda cadeia do Mensalão no Congresso Nacional, envolvendo vários parlamentares e servidores públicos. Então, a atividade política tem que ser exercida tendo como base o interesse de servir à população para que se possa ter uma cidade e um país melhor. E não se servir a partir das funções públicas, como muitos na política nacional ainda o fazem.

Depois de passar um período evitando entrar na disputa, o senhor assumiu de vez uma postura mais crítica. E, ao contrário dos demais pré-candidatos, não poupa ataques, inclusive, à figura do prefeito João Paulo. É possível fazer oposição mantendo um discurso apenas propositivo, sem fazer críticas e apontar os erros dos adversários, como defendem os outros pré-candidatos?

Eu nunca ataquei a pessoa do prefeito João Paulo. Eu faço política tendo como pressuposto básico o respeito às pessoas, inclusive aos próprios adversários. Como homem público, respeito João Paulo. As críticas são com relação àquilo que vai mal na administração municipal, àquilo que precisa melhorar. A gestão petista faz algumas ações que são consideradas positivas. Poderia exemplificar projetos como a Academia da Cidade, a inversão do trânsito na Zona Sul, o projeto em cooperação com o Estado de retirada do transporte clandestino, onde atuamos pela EMTU, as obras de saneamento básico Mustardinha-Mangueira, que também teve parceria conosco, eu como governador. A lógica que preside esse meu caminho é que aquilo que for bom a gente mantém e aquilo que não está bom a gente propõe mudanças e apresenta alternativas para que possa avançar.

A boa avaliação do presidente Lula é um dos empecilhos da oposição no plano nacional. O bom desempenho do prefeito João Paulo pode ser também um problema para a oposição do Recife?

Conviver com índices de avaliação positiva de governo é uma realidade que nós tivemos oportunidade de viver, durante sete anos e três meses sob o comando de Jarbas, com mais de 60% em média de “ótimo” e “bom”. No meu período como governador, a nossa aprovação também foi muito relevante. Mas boa avaliação da população é um retrato de um determinado momento. Não significa que é uma passagem definitiva para a continuidade de alguém ou de um grupo político no poder.

Em resposta às críticas sobre a administração, o prefeito João Paulo diz que antes é preciso olhar o que a oposição fez nos governos passados - tanto na prefeitura quanto no Governo. O que o senhor diz sobre isso?

Eu acho que isso fará parte do debate político. A gente tem total tranqüilidade para apresentar, no debate, o nosso legado. Inclusive, na área social, com projetos ousados e reconhecidos a nível social, como o da escola em tempo integral e os avanços que conseguimos na educação, onde tivemos uma posição não satisfatória, mas que ficou melhor do que era quando do início da nossa gestão.

O senhor compartilha da mesma opinião de outros oposicionistas, de que o Orçamento Participativo (OP), carro-chefe da campanha do pré-candidato do PT, o secretário municipal de Planejamento Participativo, João da Costa, é uma farsa?

O Orçamento Participativo como executado hoje é muito mais um instrumento político-eleitoral do que propriamente um espaço de discussão com a comunidade e definição das prioridades da população recifense. E explico o porquê. Você não pode aceitar que obras de manutenção de espaços públicos sejam priorizadas dentro do Orçamento Participativo só para engordar o orçamento do OP. O camelódromo, que está caindo na Dantas Barreto, é obrigação do prefeito manter. Um posto de saúde para ser levado a uma comunidade carente é obrigação da prefeitura realizar, levando em consideração os dados técnicos que determinam o melhor caminho para levar a saúde e educação, e não ser priorizado a partir de OP. E por fim, a crítica que faço é relativa à falta de execução de obras que foram eleitas pela população e que não foram executadas pela PCR. É muito comum você ouvir da população que uma determinada rua foi definida como prioridade e que a obra não saiu do papel. Isso para mim é enganação. Se você assume o compromisso de executar uma obra, você tem que cumprir com esse compromisso. A partir dessas falhas e erros de concepção, nós vamos manter a lógica do OP, mas retirando essa conotação político-eleitoral e de promoção pessoal de um determinado secretário.

Em outras ocasiões, o senhor afirmou que o Recife tem tradição política e “não vota em pau mandado”. Essa é a definição de João da Costa?

Quem quiser vestir a carapuça que vista. Eu disse e repito é que a tradição do Recife é de um eleitor independente, consciente e que vota em um candidato a prefeito a partir de alguns pressupostos, como, por exemplo, a credibilidade pessoal, as propostas e as condições que ele tem para realizá-las.

Faz parte de toda eleição o candidato mostrar os serviços prestados ao estado/cidade. O senhor não teme que, neste momento, os seus feitos se choquem com o do candidato do PMDB, deputado Raul Henry? Do seu lado, o senhor vai apresentar o que fez enquanto vice-governador e ele vai mostrar o que foi feito pelo Governo do PMDB, do ex-governador Jarbas Vasconcelos...

Eu acho que a gente não pode subestimar a capacidade de assimilação do eleitor. O deputado Raul Henry é uma pessoa que, sendo candidato a prefeito, não muda o meu conceito sobre ele de homem público sério, qualificado. E o meu período como vice-governador durante 7 anos e 3 meses, e depois como governador de Pernambuco, parceiro direto de Jarbas, é muito compreendido e bem entendido pela população. E o papel dele (Henry), enquanto nosso secretário, deve ser interpretado pelo público como um todo. Eu não tenho nenhuma preocupação em relação a isso.

O pré-candidato do PSC, deputado federal Carlos Eduardo Cadoca, é visto como uma incógnita nessa disputa. Para uns, é oposição, para outros, governo, pelo apoio a Lula. O senador Jarbas Vasconcelos chegou a defender que Cadoca tem que se explicar. Mas a quem?

A postura ou colocação do deputado Cadoca tem que ser definida a partir do eleitor do Recife. E ele saberá o momento adequado para se posicionar em relação a essas questões. E se você analisar o número de aliados do PT que estiveram em frentes do outro lado no passado, Paulo Maluf, Fernando Collor, Delfim Neto, Inocêncio Oliveira, não dá para fazer aquela dicotomia - esquerda ou direita - que você tinha no passado.

Fonte: Folha de Pernambuco

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