O ex-governador Mendonça Filho é um homem educado e nasceu para ser político. É elogiado por todos devido sua correção. Pelos amigos e também pelos adversários. Começou na política cedo. Foi eleito deputado estadual aos 20 anos, na época o mais jovem parlamentar do país. Sua experiência mais recente foi como vice do Governador Jarbas Vasconcelos e, logo mais assumindo o comando da administração do Estado (1999- 2002 e 2002- 2006). Nome posto já na mídia como prefeiturável, pelos Democratas, Mendonça Filho tem circulado com desenvoltura como possível candidato, o que ficou claro para quem ainda tinha dúvidas, durante os festejos carnavalescos, onde ele surgiu na folia com todo gás. E ele fala ao www.slcomunicacao.com, numa conversa franca, sobre os desafios que enfrentou à frente do Governo do Estado, o desejo de trabalhar pela cidade do Recife, como prefeito e também sobre campanha municipal. Vamos conferir:

Entrevista

Sônia Lopes - Como o Senhor está vendo o quadro político nacional? O Presidente Lula erra mais que acerta? Por quê?

Mendonça Filho - Começa a emergir no Brasil um quadro de atenção para alternativas ao modelo petista de governar. Não obstante a elevada aprovação do presidente Lula, há claramente no quadro político um cenário de crescente receptividade da população para alternativas ao modelo petista.Do ponto de vista da política econômica, o sucesso conseguido até agora deve-se ao fato de o atual governo ter seguido a rota definida pelo governo FHC, do qual o D-25 participou, que desenvolveu uma política econômica que assegurou conquistas para a população como a inflação baixa, redução de juros, crescimento econômico com repercussão na geração de oportunidades de trabalho. Os pontos falhos estão na boca do povo: governo que se entregou ao fisiologismo mais desbravado da história da República, que coloca os critérios políticos acima do profissional e até do moral. Falhas como os inúmeros casos de desvio ético, corrupção como o do mensalão Soma-se na este fato a lentidão nas ações como as obras estruturadoras incluídas no PAC, que apresentam níveis de atraso fenomenal ou as tão esperadas reformas, como a tributária ou a política.

Sônia Lopes - Como definir o Democratas nacionalmente?

Mendonça Filho - Renovado no quadro de lideranças, com nomes emergentes no cenário nacional. O partido tem representantes de uma nova geração, que tem tido uma atuação absolutamente sintonizada com o pensamento médio da sociedade brasileira, particularmente com a classe média.A forma de o Democratas se conduzir na votação da CPMF traduz muito bem isso. O partido não pode se limitar ao exercício da oposição, tem que casar sua atuação propositiva com temas que sejam transformadores da sociedade brasileira, como o crescimento econômico com redução da carga de impostos para pessoas e empresas e respeito ao meio ambiente.

Sônia Lopes - Por que Governar o Estado e depois partir para uma disputa municipal acirrada como promete ser neste 2008?

Mendonça Filho - A definição de candidatura do Democratas se dará até março. É evidente que fico extremamente feliz de constatar que meu nome tem sido estimulado a entrar na disputa, talvez pelo histórico de trabalho durante oito anos de Governo, e pelo reconhecimento que tivemos da população recifense sendo o mais votado no primeiro turno e crescido a votação no segundo turno. Recife é uma cidade exigente e que valoriza o debate de idéias e propostas na definição do voto, esse reconhecimento é motivo de orgulho para mim.

Sônia Lopes - Ao sair do Palácio das Princesas, alguma frustração? De algum dever não cumprido?

Mendonça Filho - Não. É evidente que, num Estado pobre e com a complexidade de Pernambuco, sempre tem o que fazer. No entanto, depois de oito anos de governo sinto-me honrado de ter ocupado o cargo de governador e ter sido, junto com Jarbas Vasconcelos e uma equipe comprometida, um dos agentes da transformação e reversão do quadro econômico e social de Pernambuco. É muito gratificante para um homem público terminar uma gestão olhando para trás e vendo o resultado do seu trabalho repercutindo no dia-a-dia do povo. Ver que contribuiu positivamente para mudar a realidade das pessoas do seu Estado e de sua cidade. Pernambuco hoje é outro Estado com alto astral, orgulho de seu potencial e com esperança no futuro.

Sônia Lopes - O que o ex-governador não perdoa em política?

Mendonça Filho - Mentira e desonestidade

Sônia Lopes - Por que a campanha de 2008 deve ter tantos candidatos?

Mendonça Filho - O advento do segundo turno propicia em todo o País esse cenário nas cidades com mais de 200 mil eleitores. No Recife, o que verificamos é o campo político governista tendendo a agrupar-se em torno de uma candidatura e o da oposição trabalhando com a tendência de múltiplas candidaturas. Um cenário natural.

Sônia Lopes - João da Costa é um candidato forte por estar ligado a João Paulo ou pelo trabalho que vem desenvolvendo na Prefeitura administrada pelo petista?

Mendonça Filho - Não avalio adversário.

Sônia Lopes - E Cadoca? é um aliado a ser perseguido?

Mendonça Filho - Cadoca é meu amigo e uma liderança política importante. É correto, leal, trabalhador e tem inserção social no Recife. Com essas qualidades, lógico que Cadoca é um aliado que qualquer político gostaria de contar. Cadoca e eu estamos no mesmo campo de força política e somos aliados. Ele vem traçando o caminho que deseja seguir e eu tenho como princípio respeitar a decisão das pessoas.

Sônia Lopes - Num rasgo de sinceridade, com quem o senhor gostaria de disputar a eleição de sucessão de João Paulo?

Mendonça Filho - Tenho como filosofia de vida não escolher adversários. Na minha vida pública nunca escolhi adversários e sempre disputei as campanhas eleitorais com coragem, garra, determinação e muita transparência com o eleitor. Considero que numa eleição o mais importante é o eleitor. O político, o homem público tem que estabelecer, sempre, uma linha direta com o povo e construir um projeto de governo comprometido com propostas que garantam melhoria na qualidade de vida das pessoas. Essa deve ser, sempre, a preocupação primeira.

Sônia Lopes - O Senhor chamaria Eduardo Campos para ver o filme “O Pagador de Promessas?

Mendonça Filho - Risos.

Sônia Lopes - No que o Governo Eduardo Campos está avançando mais que o senhor e Jarbas. Em que área podemos dizer que ele está trabalhando bem?

Mendonça Filho - A nova gestão assumiu o Estado com uma situação favorável, o Estado equilibrado e alguns setores como o de investimentos totalmente azeitado como o Estaleiro e as fábricas de poliéster. Pernambuco hoje está na rota de investimentos do País. Espero que os compromissos assumidos pelo atual governador possam ser cumpridos, particularmente nas áreas de fundamentais de sua campanha que foram saúde e segurança pública. Na condição de ex-governador, quando avalio o atual Governo fica sempre a questão: se fala ou critica é porque está ressentido ou porque tem uma coisa mal resolvida. No momento exato e que tiver oportunidade farei uma avaliação. O que importa, e disso tenho tido provas diariamente na rua, é que o povo pernambucano sabe que as contas públicas do Estado foram deixadas em equilíbrio e o Governo foi entregue em ótimas condições. A cobrança sistemática ao Governo atual deve ser exercida pelo fórum competente, a Assembléia Legislativa e pelos deputados da oposição.

Sônia Lopes - O Senhor é um jovem político. Além da Prefeitura que outro sonho acalenta no momento?

Mendonça Filho - No campo pessoal ver minha família feliz, meus filhos encaminhados na vida. Como homem público sonho em ver o Brasil ocupando níveis de desenvolvimento compatíveis com países desenvolvidos e que gere oportunidades para o nosso povo.

Sônia Lopes - Que outras lideranças do Democratas poderia enfrentar hoje disputas majoritárias?

Mendonça Filho - O partido tem nomes consagrados como o do senador Marco Maciel, o deputado Roberto Magalhães, o ex-governador Joaquim Francisco, o ex-ministro Gustavo Krause, até nomes da nova geração como André de Paula, Augusto Coutinho e Priscila Krause.

Sônia Lopes - Defina com uma palavra: Roberto Magalhães; Marco Maciel; Joaquim Francisco; Gustavo Krause.

Mendonça Filho - Roberto Magalhães – Sinceridade; Maciel – Retidão; Joaquim – Seriedade; Krause – Inteligência.

Sônia Lopes - Que eleitorado hoje é um desafio para o senhor conquistar? Que faixa?

Mendonça Filho - O homem público não pode estar preso a faixa da população. Como homem público, trabalho com o objetivo de atender a expectativa do conjunto da sociedade,da infância, da juventude, das pessoas de meia idade e os idosos que, cada vez mais, aumentam a sua representação na nossa sociedade.

Sônia Lopes - O Senhor aposta na filosofia do “querer é poder”? Filho de peixe, peixinho é? Ou seja: Seu filho ensaia interesse pela política. Você o incentiva?

Mendonça Filho - Sou da filosofia do “quem quer, trabalha, alcança”
Não acho que só por ser filho a pessoa tenha de seguir a profissão do pai. A vontade tem de existir, independente da genética. Há de se ter vocações, disposição para enveredar por uma carreira extremamente difícil e exigente para se ter sucesso. Toda atividade profissional, para se ter sucesso, tem que haver amor e dedicação ao que se faz. Com meus filhos deixo isso muito claro.

Sônia Lopes - O que gosta o jovem Mendonça Filho de fazer, além de política dia e noite?

Mendonça Filho - Ficar com a família, com Taciana e os meus filhos, José, Illana e Vinícius. A domingueira na casa dos meus pais, quando a família se encontra (filhos, netos, cunhados, irmãos, amigos) para bater papo. Gosto muito de assistir a jogo de futebol, caminhar e ver filmes.

Sônia Lopes - Que música curte o ex-governador?

Mendonça Filho - Música Popular Brasileira e forró, que gosto de ouvir e dançar com Taciana.

Sônia Lopes - Que habilidade o senhor esconde como cidadão que o eleitor recifense não sabe ?

Mendonça Filho - O eleitor recifense já conhece bastante a minha maneira de ser.

Sônia Lopes - Um hooby?

Mendonça Filho - Futebol. Assistir e jogar.

Sônia Lopes - O que não pode faltar na mesa de Mendonça Filho?

Mendonça Filho - Feijão

Sônia Lopes - Dias atrás José Múcio disse em uma entrevista que os Democratas são teimosos. Levando isso para o campo político, teimosia é uma virtude?

Mendonça Filho - Convicção, fidelidade às idéias e transparência são virtudes.

Sônia Lopes - Sem modéstia nenhuma. Qual sua maior qualidade como político e como cidadão?

Mendonça Filho - Ser verdadeiro, saber ouvir e gostar de trabalhar em equipe

Sônia Lopes - Como fazemos sempre, no fim de cada entrevista, comente a frase:“Pessoas que são boas em arranjar desculpas raramente são boas em qualquer outras coisa”. (Benjamin Franklin).

Mendonça Filho- Essa frase resume o que penso. A verdade é a principal virtude de uma pessoa. Em qualquer que seja a circunstância, a verdade deve ser dita, deve prevalecer. Arranjar bem desculpas é a “arte” de enganar, dissimular, mentir. Concordo com Benjamin Franklin. Eu prefiro lidar com as pessoas que falam a verdade, a tratar com aquelas que são boas em arranjar desculpas.

Fonte: www.sonialopes.com.br