Por Edmar Lyra

Como militante de um partido de oposição ao Governo Lula e aliado do PSDB, uma coisa vem me incomodando muito. Muito mais até do que os políticos detentores de mandato que não vêm fazendo oposição nas três esferas de poder. Essa preocupação se dá pela indefinição do PSDB em relação a quem será seu candidato à sucessão do Presidente Lula em 2010.

O PSDB é, sem dúvidas, o único partido de oposição com chances de chegar à Presidência da República no pleito de 2010. Possui dois pré-candidatos fortíssimos e viáveis para suceder Lula. José Serra e Aécio Neves, ambos são Governadores de dois os principais estados brasileiros, tanto economicamente quanto eleitoralmente falando.

Porém, faltando quase um ano e meio para a eleição presidencial, o partido não se definiu, e deixa em banho-maria o posicionamento de quem será seu candidato a Presidente da República. Já se observou em 2006, com a candidatura do Ex-Governador Geraldo Alckmin, que sem a bênção da cúpula tucana, ninguém chega a lugar nenhum. Bem como, se houver uma divisão interna gerando ressentimentos para aquele que for preterido do processo.

O PSDB, apesar de ter dois excelentes quadros, não tem um discurso que se contraponha ao do candidato apoiado por Lula, ou melhor, da candidata Dilma Rousseff. Porque, observando friamente e sem paixões políticas, Lula fez praticamente o mesmo Governo que FHC fez. Para citar alguns exemplos, a política econômica foi mantida por Lula, e a política social foi mantida e ampliada. Que são os fatores que determinam uma popularidade de um Governo.

Como diria meu Professor de Economia Brasileira e Secretário de Finanças da PCR, Marcelo Barros: "Se a economia vai bem, a política com certeza irá. Se for mal, a política seguirá o mesmo caminho, pois, a parte mais sensível do brasileiro é o bolso."

Até o momento, a crise econômica não afetou em nada a popularidade de Lula, pelo contrário, aumentou. Essa popularidade não foi afetada por duas vertentes, o carisma do Presidente Lula e o bom Governo que ele faz, levando em consideração as políticas sociais, bem como a estabilidade econômica e financeira que está sendo mantida até agora.

Esse fatores serão essenciais para a sucessão de Lula. O fator Bolsa-Família, que será utilizado pelos militantes petistas, que dirão que o candidato tucano irá acabar com o Programa também facilita a vida de Dilma Rousseff. Salvo engano, são 20% de brasileiros que são beneficiados com o programa. E esta parcela da população, sem dúvidas, define eleição.

Baseado nestes fatores, é onde entra novamente a disputa tucana pela indicação do candidato a Presidente da República. A ideia do Governador de Minas Gerais, Aécio Neves, pela realização de prévias é a melhor alternativa para o PSDB. Por diversos fatores.

Um deles é a possibilidade de nas discussões com os correligionários e aliados, o candidato do PSDB encontre um discurso em sitonia com os anseios do povo brasileiro. O grande exemplo que a realização de prévias é interessante e um meio de fortalecer a candidatura do vencedor delas foi a eleição presidencial dos Estados Unidos.

Enquanto John McCain foi praticamente aclamado como candidato republicano, Obama disputou até o fim com Hillary pela indicação do partido democrata. O resultado todos sabem, Obama foi eleito Presidente dos Estados Unidos.

É natural que são dois países e duas culturas diferentes, mas, a discussão sobre novas ideias para o país com os eleitores e partidários deu a Obama um grande trunfo para se colocar como o candidato da "Mudança".

Caso não se chegue a um consenso, não sejam realizadas as prévias e o PSDB colocar um "Prato Feito", provavelmente será "engolido" pela primeira mulher com chances reais de ser Presidente da República com o apoio do Presidente de maior aprovação da história do Brasil.

Já ouvi um ditado interessante, "Sem união, não se vence eleição." E as prévias, apesar de gerar debates e discussões calorosas, é a melhor alternativa para chegar a uma união para ganhar uma eleição. O PSDB, depois deste processo, com certeza terá seu candidato com propostas condizentes com o que pensa e quer o povo brasileiro.