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Uma entrevista com o Senador José Agripino Maia(DEM-RN)

{ Posted on 18:15 by Edmar Lyra Filho }

Um panfleto de esquerda, financiado pelo lulismo, estampou há dias, na capa, a foto do senador José Agripino Maia (RN), líder dos Democratas, como um "filhote da ditadura". O método para fazer "reportagem" — e ponham aspas aí — seguiu o rigor que os esquerdopatas querem ver no que chamam "imprensa burguesa" ou "mídia": para fazer o perfil do senador, o escriba só falou com os seus inimigos. Vocês sabem: os valentes acham o jornalismo burguês muito parcial... Financiados pelas estatais e pelo leite de pata do oficialismo, eles querem nos ensinar o que é independência. Lixo! E a capa, vejam só, estava na banca antes de quarta-feira passada, 7 de maio, quando a ministra Dilma Rousseff falou à Comissão de Infra-Estrutura do Senado.

Já se assistia, portanto, com financiamento público, ao trabalho para queimar uma das vozes mais ativas da oposição. Seu principal crime é opor-se ao lulismo. O esforço, justiça seja feita, não se restringe à imprensa esquerdista. Mesmo naquela dita "burguesa", os jornalistas afinados com a esquerda referem-se aos representantes dos Democratas como "os demos". Está em curso, literalmente, um esforço de demonização dos adversários do PT, tratados, como na tal reportagem, como "filhotes" ou "herdeiros" da ditadura.

Dilma Rousseff soube explorar, desnecessário dizer de novo, a pergunta mal formulada pelo senador Agripino. E tentaram lhe conferir a condição de heroína — aquela que não fala a verdade nem sob tortura — para proteger, disse com emoção, a vida de seus "companheiros". Embora seus "companheiros" também matassem pessoas, assaltassem, praticassem atos terroristas. Num estado democrático e de direito, é certo, não poderiam jamais ser torturados. A tortura é coisa das ditaduras — inclusive das comunistas, como a que Dilma queria implantar no Brasil. Como a cubana, que o governo que ela integra defende.

Claro, com tortura não se brinca. Nem com democracia. Na quarta, a ministra disse que não havia dossiê. Na quinta, conhecemos uma pessoa envolvida com o vazamento do... dossiê!!! Portanto, é mentira que ele não existe. Uma mentira contada num regime democrático e de direito. E o papelório, diga-se, foi feito CONTRA esse regime, dado que mobilizou funcionários públicos para constranger a oposição.

Já escrevi vários posts a respeito. Alguns dos diletos "filhos da ditadura" — daquela instaurada em 1964 — estão hoje com o lulismo. A carreira de Agripino foi feita na democracia. Segue, abaixo, uma entrevista com ele. Assim como o governo mobilizou funcionários do estado para produzir um dossiê criminoso, o subjornalismo financiado com o nosso dinheiro se encarrega de fazer o serviço sujo. É nada mais nada menos do que a feitura de dossiê, mas por outros meios. Vamos à entrevista:

Blog – O sr. é defensor da tortura, senador Agripino Maia? Lendo alguns comentários, fiquei com a impressão que o sr. auxiliava o delegado Sérgio Paranhos Fleury em interrogatórios. É isso mesmo?
José Agripino Maia - Quem é defensor da tortura não vai buscar entre ex-presos, ex-perseguidos políticos ou ex-exilados, figuras para ser seus principais auxiliares, como fiz quando fui, por duas vezes, governador do meu estado.

Blog – O sr. está tentando se justificar?
JAM – Não é isso. Mas, se eles, que foram vítimas do regime de exceção, vieram governar comigo, é porque, no mínimo, aprovavam a minha forma de fazer política. Agiram na plenitude de suas convicções. Nunca denunciei nem persegui ninguém por razões ideológicas ou divergências de pensamento.

Blog – Quem são "eles"?
JAM – O professor Hélio Vasconcelos, a doutora Mailde Ferreira e o doutor Josema Azevedo tinham sido presos políticos, e os doutores José Eufrânio e Leônidas Ferreira também tinham sido perseguidos pelo regime. Estiveram todos no meu governo.

Blog – Por que chamar tantos esquerdistas ou ex-esquerdistas para trabalhar com o sr.? Não havia gente competente com outra ideologia?
JAM – Justamente porque eram competentes. Também veio o professor Marcos Guerra, um exilado voluntário. Eles formaram o primeiro time da administração. Eram responsáveis pela educação, saúde e Gabinete Civil.

Blog - O que o sr. queria, afinal, com aquela pergunta à ministra Dilma? Provar que, se ela mentiu sob tortura, poderia estar mentindo ali também?
JAM – Claro que não! Eu queria a verdade apenas. Reconhecendo a perversidade de que ela foi vítima no regime de exceção — e apresentei claramente a minha solidariedade a sua Excelência —, manifestei minha preocupação com a volta ao passado.

Blog – Que volta ao passado? Tortura? Ditadura?
JAM – Não! A minha indagação era outra.

Blog – Qual era?
JAM – Queria saber se não é legítimo supor que o Estado, dispondo de informações privilegiadas, também estaria tentando constranger um ex-presidente e toda a oposição. Quem não se lembra do caso Francenildo? Aquilo traduziu o uso de poderes do Estado contra um cidadão modesto. A indignação nacional, no caso, foi tal, que levou à renúncia de um importante ministro [Antonio Palocci]. E o caso do dossiê? Se a minha pergunta constrangeu a ministra, não foi essa a minha intenção e, por isso lhe peço desculpas. Muito menos busquei brilho pessoal, como avaliou o presidente da Republica. Minha pergunta buscava apenas a verdade, que ainda busco, sem agredir ninguém, como é o meu estilo. Daí a minha afirmativa de que aquele era o momento certo de esclarecer tudo.

Blog – Mas, afinal, o que sr. queria saber?
JAM – O que todo mundo quer: "Quem mandou fazer o dossiê e com que objetivo?"

Blog - No dia 31 de março de 1964, o senhor tinha 19 anos e um mês. Em dezembro de 1968, quando foi decretado o AI-5, tinha 23 anos. Diga-me, senador: o sr. ajudou a dar o golpe de 1964? O senhor foi um dos signatários do AI-5?
JAM - Entre 1964 e 1968, anos de chumbo do regime militar, eu era estudante no Rio de Janeiro e me dedicava ao curso de engenharia...

Blog – Ah, o sr. estudava? Muito suspeito...
JAM - ... e buscava o que tantos brasileiros querem: uma profissão e um emprego por merecimento. Nada mais.

Blog - O sr. começou a sua carreira política em 1979, no fim da ditadura, como prefeito de Natal. Disputou a primeira eleição em 1982 e se elegeu governador do Rio Grande do Norte. O sr. se sente um representante da ditadura militar?
JAM - Fui prefeito nomeado de Natal, é verdade. Mas, quatro anos depois, pelo que pude realizar como prefeito, terminei candidato a governador e, disputando o pleito depois de vinte anos sem eleições, obtive perto de dois terços dos votos apurados. Isso me deu independência para ajudar a construir a redemocratização do país com a eleição de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral.

Blog – Quer dizer que o sr. não deu o golpe, não assinou o AI-5, não torturou ninguém, não apoiou a tortura e governou com ex-presos e ex-exilados políticos? E, parece, colaborou com a redemocratização.
JAM - Apoiei Tancredo, correligionário do meu adversário local, para permitir eleições diretas para presidente. Foi na minha casa, no Rio de Janeiro, que ocorreu a reunião, que coordenei, entre os governadores do Nordeste para sacramentar o fim do regime de exceção.

Blog - Senador, quando a ministra Dilma foi presa, em 1970, ela tinha 23 anos, e não 19, como disse. Infelizmente, ela foi torturada, o que é, de fato, um absurdo. Com tortura ou não, o fato é que, aos 23 anos, ela queria uma ditadura comunista no Brasil e recorreu às armas para isso. Ela disse que vocês estavam em lados opostos. O que o sr. queria, então, com 25 anos?
JAM – Se, na época, eu já estivesse na vida pública, seguramente estaríamos, de fato, em lados diferentes, pois, se ela recorria às armas para implantar um regime totalitário comunista, eu estaria, como anos à frente estive, lutando pacífica e democraticamente pelo regime de representação popular.

Blog - Alguma vez, em sua vida pública, o sr. defendeu leis de exceção e um estado ditatorial?
JAM - Nem defendi como governador nem nunca votei como senador nada que atentasse contra as liberdades ou direitos individuais. Pelo contrário: denuncio permanentemente atentados aos direitos humanos como os recentemente praticados, sob o silêncio do Estado brasileiro, pelo governo cubano.

Blog – Qual foi a sua atuação na Frente Liberal, que rachou o PDS, o partido do então governo, para fazer o acordo com Tancredo Neves?
JAM - Mais do que pioneiro na formação da Frente Liberal, fui talvez o primeiro dos governadores a anunciar publicamente apoio a Tancredo. Isso me custou, além do rompimento com tradicionais companheiros da política local, isolamento e retaliação por parte do governo federal.

Blog - Obrigado, senador. Espero que, num próximo governo, o sr. contrate menos esquerdistas.
JAM – Reinaldo, a minha preocupação sempre foi contratar gente competente. Sou pluralista, minhas convicções são democráticas.

Blog – O sr. não precisa dizer nada. Encerro assim a nossa entrevista: um dos grandes feitos da sua biografia, então, foi ter encontrado esquerdistas competentes.


Fonte: Democratas

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