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Capibaribe, um resgate social, econômico e ambiental

{ Posted on 00:24 by Edmar Lyra Filho }
Por Mendonça Filho

Qual de nós recifenses não disse orgulhosamente, pelo menos uma vez na vida, que o Recife é a Veneza Brasileira, numa referência ao fato de nossa cidade ser cortada por rios, em especial o Capibaribe, fato que a torna mais bonita e atrativa?

Com mais de 50% de sua área territorial banhada pela Bacia do Capibaribe, o Recife, cidade das águas, infelizmente, deu as costas para o Rio e acostumou-se a vê-lo apenas como parte da paisagem urbana.

Um dos mais significativos símbolos da nossa cidade, o Capibaribe está poluído e abandonado, assim como, a população que mora nas duas mil palafitas nas suas margens nos bairros Coelhos, Joana Bezerra, Coque, Torre, Caiçara, Iputinga, Apipucos e Monteiro.

Fonte de inspiração dos nossos poetas e escritores, o Capibaribe tem grande importância histórica e social na formação e no desenvolvimento de Pernambuco e do Recife. Tanto que mais de 50% das Zonas Especiais do Patrimônio Histórico e Cultural (ZEPH) da nossa cidade estão próximas ao rio, comprovando que o Capibaribe foi um fator importante de desenvolvimento urbano da cidade.

Um dos nossos desafios é recuperar a identidade do Recife com o Rio e fortalecer a ligação de raiz entre o cidadão e a água. A importância do Rio Capibaribe para o Recife requer uma proposta de intervenção que vá além da constatação de que a cidade deu as costas para o rio.

Um trabalho que começa por dar vida ao Capibaribe e dele extrair benefícios como a atividade turística, amenização ambiental, o seu uso como conduto para a mobilidade das pessoas.

Mas nada disso será possível se não pensarmos no homem que habita nas suas margens em condições subumanas, oferecendo àquelas famílias alternativa de habitação digna, oportunidade de trabalho e serviços públicos eficientes.

Consolidei ainda mais essa minha posição ao fazer um passeio de barco pelo Capibaribe, no último domingo, e escutar de moradores das palafitas um clamor: “tirem a gente daqui”.

Frase que resume o drama de cidadãos que, apesar de todas as dificuldades que enfrentam para sobreviver, não perderam o direito de se indignar com aquelas condições, assim como a esperança de viver em melhores condições.

O passeio pelo Capibaribe não foi o primeiro que fiz pelo Rio acompanhado de técnicos, para ver de perto seu patrimônio urbano e arquitetônico, sua diversidade ambiental, as possibilidades paisagísticas e o drama social que envolve as comunidades ribeirinhas, a sua deterioração, o sucateamento de suas margens, os manguezais, a situação de suas pontes.

A partir desses passeios e de discussões com especialistas, eu e minha equipe chegamos a cinco propostas que estão em desenvolvimento.

No plano ambiental, a prioridade é a despoluição das águas, desde sua nascente até a foz. O Capibaribe, como todos sabem, nasce no Agreste e seu curso tem cerca de 250 quilômetros, banhando mais de 30 municípios, sendo os principais Toritama, Santa Cruz do Capibaribe, Salgadinho, Limoeiro, Paudalho, São Lourenço da Mata e o Recife.

A Prefeitura do Recife, com a representatividade de ser a Capital do Estado, deve incorporar-se pra valer ao Comitê da Bacia do Rio Capibaribe, fomentando o seu pleno funcionamento, mobilizando os prefeitos dos municípios que compõem a bacia e a comunidade para uma cruzada pela despoluição, recomposição das mata ciliares e de sua navegabilidade.

Para isso, como já disse, é preciso cuidar de verdade das pessoas que moram nas palafitas, removendo essas famílias e oferecendo moradia digna e melhores condições de vida.

No plano da navegabilidade, a nossa proposta é atuar em dois eixos: o primeiro com a implantação do Circuito Turístico do Capibaribe com construção de sete píers de atracação em pontos de interesse – local central de recepção no Cinco Pontas, o Marco Zero, o Parque das Esculturas, a Casa da Cultura, a Praça da Jaqueira, O Poço da Panela e o Açude de Apipucos.

No entorno desses píers serão criados espaços públicos para suporte ao turista (informação, quiosques, locais de contemplação), incentivando o turismo nas Zonas Especiais do Patrimônio Histórico e Cultural (ZEPH) que existem às margens do rio, como os conjuntos urbanos de Apipucos e do Benfica, os antigos do Poço da Panela e do Bairro do Recife, e na vizinhança imediata, como a Casa de Brennand.

O segundo eixo de intervenção refere-se aos estudos imediatos para avaliar as condições de implantação da Linha Fluvial Grande Hotel/Brasília Teimosa/Pina/Afogados, recuperando o trecho original Grande Hotel/Brasília Teimosa que funcionou até o final dos anos 70, oferecendo uma alternativa de transporte entre a Zona Sul e o Centro.

Esses estudos devem contemplar a identificação dos canais de navegação na Bacia do Pina, os fluxos de passageiros entre estes locais e a modelagem institucional para concessão do serviço ao setor privado.

A linha fluvial deve representar ganho de tempo para a população na locomoção, além de aumentar o contato com o rio que se restringe hoje a travessia das pontes.

Do consumo racional dos recursos hídricos ao respeito ambiental pelos leitos, margens e mananciais, é dever do gestor municipal devolver à cidade a convivência harmoniosa com o seu maior elo natural.

Para isso, é fundamental a participação da comunidade para que o recifense tenha não apenas pelo Capibaribe, mas pelos seus rios, o zelo que eles merecem.

É nossa proposta criar o Movimento das Crianças do Capibaribe – os comitês mirins – em todos os bairros por onde passa o Rio, nas escolas, nas associações, nas ONGs, nos Clubes de Serviços, visando promover uma consistente ação pela vida do Capibaribe, como cuidado, limpeza, conhecimento geográfico e histórico refletindo sua importância para o Recife.

Exemplo que pode ser replicado para um trabalho permanente de resgate de outros cursos D’água, em especial os rios Beberibe, Morno, Tejipió, Jiquiá, Moxotó, Camaragibe, Pina e Jordão.

Os rios estão ligado da maneira muito íntima à história do Recife, assim como as pontes que são elos de ligação entre passado, presente e futuro. Pensar o futuro do Recife é discutir a cidade a partir de seus vários aspectos: o Capibaribe e as pessoas que habitam em seu entorno são aspectos fundamentais para a integração entre políticas públicas de inclusão social, preservação do meio ambiente, desenvolvimento econômico, geração de emprego e renda, lazer e qualidade de vida.

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