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Artigo: Bolsa família, PAC e violência urbana

{ Posted on 12:49 by Edmar Lyra Filho }
Por Terezinha Nunes

"A presença do estado nas ruas é a única forma de reduzir a criminalidade". A frase do presidente Lula, proferida em análise recente sobre a violência urbana, é lapidar na medida em que representa, afinal, o reconhecimento da maior autoridade do país à respeito da causa principal da criminalidade que nos assusta e que está nos mantendo a cada dia mais assustados e perplexos diante dos assaltos, roubos, seqüestros e assassinatos a perder de vista.

Não deixa de ser importante o presidente chegar a esta conclusão mas sua declaração, seis anos depois de assumir o Governo, mostra a oportunidade que o mesmo perdeu, deliberadamente ou não, já que o combate à violência não dá votos e conseqüentemente vai ficando para depois, de minimizar este problema, investindo em um grande programa nacional de atendimento à população urbana mais carente.

Não foi por falta de conhecimento. Há muito se sabe, e o exemplo da Colômbia está aí para quem quiser ver, que programas urbanos nas áreas mais carentes, voltados para o oferecimento de educação e saúde de qualidade, ao lado de um aparelho policial competente, são capazes de realizar verdadeiros prodígios, reduzindo de forma substancial as mortes dos jovens.

Vários estudos acadêmicos e reportagens exibidas pela mídia nacional mostraram por diversas vezes que foi a ausência do poder público das áreas mais carentes do país, localizadas nas grandes cidades, quase sempre em favelas, que levou o crime organizado e o tráfico de drogas a aliciar jovens - em sua grande maioria - e adultos, transformando-os em protagonistas da violência: ora como vítimas, na hora em que não interessam mais ao esquema ou ficam por demais independentes, ora como autores de crimes a serviço dos seus mantenedores.

Está claro que a ausência do Governo Federal neste campo provocou em muito a agudização da violência urbana. Mesmo porque, os três níveis de poder precisam estar entendidos no que se refere a esta nova forma de combater o problema. Na hora em que um desses níveis de poder cruza os braços, como fez Lula nos seus seis anos de mandato, não há como andar com uma política diferenciada.

É certo que outros presidentes poderiam ter se antecipado, antevendo as dificuldades que estavam por vir, mas foi Lula, nos últimos tempos, o governante que, por conta da ausência de crises econômicas internacionais em mais de metade do seu longo mandato, que mais recursos teve, à sua disposição, para tratar esta questão.

Resolver o problema da crise na segurança pública em nosso país é muito mais importante do que qualquer das obras, inconclusas ou não, do vistoso PAC, criado pelo presidente com o objetivo de manter em alta seus índices de popularidade. Os recursos do bolsa família também poderiam, complementarmente, fazer parte de um grande esforço nacional pelo resgate da população urbana mais carente. Funcionariam como um apêndice de um projeto bem planejado e transparente. Hoje representam uma simples distribuição de recursos sem contrapartida, o que tem sido visto pelos beneficiados como uma "esmola" à qual se agradece com o voto, tal como na época dos coronéis.

O reconhecimento tardio de Lula, que poderia, mesmo a médio prazo, representar para os jovens carentes - os que mais praticam e são vítimas de crimes -uma "liberdade, ainda que tardia," como pregavam os inconfidentes mineiros, infelizmente, acontece no momento em que os números econômicos começam a degringolar, a crise se estende e vai ser muito difícil recuperar o tempo perdido.

Teresinha Nunes é Deputada Estadual de Pernambuco pelo PSDB.

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