A crise financeira internacional interrompeu em novembro a sequência de aumentos de arrecadação de impostos e contribuições federais que acontecia desde o início da série histórica, em 2004, segundo informações divulgadas nesta terça-feira (16) pela Secretaria da Receita Federal.

Com a atividade econômica em desaceleração, de acordo com o órgão, a arrecadação somou R$ 54,7 bilhões em novembro, o que representa uma queda real (dados corrigidos pela inflação) de 1,8% na comparação com o mesmo mês do ano passado, e uma queda de 16,74% na comparação com outubro. A arrecadação de novembro, deste modo, não foi recorde histórico.

Além da queda da atividade econômica em outubro, com reflexos na arrecadação de novembro, a Receita Federal informou que outro fator que contribuiu para o recuo da arrecadação no mês passado foi uma menor abertura de capital por empresas na bolsa de Valores. Somente este último fator resultou em uma arrecadação R$ 1 bilhão menor em novembro deste ano, na comparação com o mesmo mês de 2007.

Lucro menor das empresas

"Houve um declínio na lucratividade das empresas. A economia está freando mais forte do que o governo esperava antes", avaliou o secretário-adjunto da Receita Federal, Otacílio Cartaxo. Segundo ele, a queda no volume de aberturas de capital nas Bovespa, que está contribuindo para baixar a arrecadação neste ano, também é um dos reflexos da crise financeira internacional.

A Receita Federal informou que a arrecadação de novembro sentiu o desaquecimento em apenas alguns setores da economia, como veículos, vendas do varejo e um crescimento menor da produção industrial. "A crise financeira ainda não chegou a todos os setores. Em um primeiro momento, impacta mais o setor automotivo e a chamada linha branca [eletrodomésticos]", avaliou Cartaxo, da Receita Federal.

Acumulado do ano

No acumulado de janeiro a novembro deste ano, segundo a Receita Federal, a arrecadação de impostos e contribuições federais, e das demais receitas (royalties e concessões, entre outros), somou R$ 619,4 bilhões. Apesar da queda em novembro, na comparação com o mesmo mês de 2007, a arrecadação subiu 9,1% no acumulado do ano.

Entretanto, reduziu a taxa de crescimento, que estava acima de 10%, em termos reais, de janeiro a outubro. Segundo o secretário-adjunto da Receita Federal, Otacílio Cartaxo, a tendência é de um crescimento menor da arrecadação no futuro por conta da crise financeira internacional e seus reflexos no lucro das empresas.