Sucessivos casos envolvendo a necessidade da interferência judiciária no Brasil já comprovaram que a morosidade e a falta de reformulações atravancam cada vez mais o sistema. Desde os pequenos casos até as grandes tragédias, a Justiça se mostra engessada, andando com enorme dificuldade. Parentes de vítimas, beneficiários, condenados, e muitos outros,correm o risco de encarar a morte antes de um veredicto definitivo.

Na próxima quarta-feira, será divulgado o relatório oficial da Aeronáutica apontando que houve falha dos pilotos americanos do Legacy que bateu no ar com um avião da Gol, em 2006, e dos controladores de vôo. O acidente matou 154 pessoas. Após analisar os dados das caixas-pretas e ouvir os pilotos norte-americanos no Brasil e nos Estados Unidos, a corporação concluiu que o equipamento que poderia ter acionado o sistema anti-colisão, o transponder, estaria em perfeitas condições. Um dos pilotos sem perceber, desligou o equipamento.

São páginas e mais páginas de documentos, relatos e, principalmente, anos e sofrimento de familiares que não conseguem ver solução para o caso. Muitos dirão que “o caso ainda é muito recente”. Sim, se comparados a outras tragédias que completaram décadas e não avistam respostas. Mas, se tantos exemplos amarrotam a imagem do Poder e mostram que algo muito errado está intrínseco em tamanha morosidade, por quais motivos nada é feito? Até quando a sociedade estará refém das decisões que nunca chegam? Quantas décadas serão necessárias para se ter eficiência e agilidade? Com a palavra, o Judiciário.

Mauro Braga - Tribuna da Imprensa Online