Por Terezinha Nunes

A escolha de Suape como ponto estratégico para o desenvolvimento de Pernambuco é antiga. Vem de mais de 30 anos quando se iniciou, de forma embrionária, a construção do porto, tocada por vários governos, e reverenciada desde que as obras começaram a ser concluídas há dez anos e o estado conquistou o direito, anunciado na época, de ter um estaleiro e uma refinaria. Os dois projetos - é bom dizer - não apenas decorrentes de decisão do Governo Federal, mas do empenho dos dois últimos governadores, que atraíram para o local órgãos públicos e empresas estatais federais, além de empresas privadas.

Era de se supor que, em algum momento, iniciadas as construções do estaleiro e da refinaria, o local servisse de vitrine para muitos investimentos. Também era esperada a necessidade de geração de energia para suprir a demanda que seria cada vez maior.

O que não se poderia imaginar é que, usando a tática da pressa que aniquila o verso, como diria o poeta, o estado se apressasse a anunciar a construção de usinas térmicas a torto e a direito, sobretudo movidas a óleo combustível e altamente poluentes, sem uma análise mais profunda e um debate com a sociedade.

Os motivos são variados. Em primeiro lugar, na gestão do então governador Jarbas Vasconcelos foi construída em Suape uma térmica movida a gás natural, bem menos poluente, e com capacidade para gerar 500 MW(megawatts).

No Governo atual, sem que se saiba se a térmica a gás seria ou não suficiente para atender ao complexo, foi autorizada a construção de uma térmica movida a óleo combustível com capacidade de gerar 380 MW e agora, com pompa e circunstância, se anuncia que uma nova térmica vai ser construída em Suape para gerar nada menos do que 1.452 MW, metade do que gera a badalada hidrelétrica de Xingó, no rio São Francisco.

A ousadia , estampada no rosto dos investidores e dos membros do Governo, foi tal que, reproduzindo a histórica e até engraçada mania de grandeza do pernambucano, chegou-se a anunciar que Suape teria “a maioria térmica a óleo combustível do mundo”.

Seria cômico se não fosse trágico, por algumas razões. No momento, os países desenvolvidos estão tratando as térmicas a óleo combustível com o mesmo desprezo com que falam da energia nuclear, que virou bicho-papão após os tsunamis japoneses, e todos os países se preparam para se livrar dela ou, pelo menos, deixar funcionar apenas as usinas já construídas.

Em Pernambuco – só para se dar um exemplo local – a usina nuclear de Itacuruba, já projetada nas planilhas do Governo Federal, teve sua implantação adiada sine die após os acontecimentos no Japão e até o governador Eduardo Campos, que a defendia, agora pensa diferente.

No caso das térmicas a óleo combustível, elas não são bem vistas pelos países desenvolvidos ou mesmo pelas regiões Sul e Sudeste por causa do dano que causam à ecologia, contribuindo para piorar o efeito-estufa que está provocando uma desordem climática no mundo que não se sabe onde vai parar.

Tudo bem que Pernambuco precisa de energia e Suape, principalmente. Mas não custa nada discutir aonde e população quer chegar.

Suape, como já nos referimos aqui, pode provocar muitos danos aos nossos paraísos turísticos e ecológicos como Porto de Galinhas, mesmo sem se falar nas térmicas.

Quanto ao meio ambiente é bom lembrar o aterro de manguezais que lá se opera sem que se saiba o que vai significar no futuro para a natureza. Agora vem a ameaça pelo ar das térmicas a óleo combustível.

Espera-se que o Partido Verde, no momento fazendo parte da base do Governo e comandando a Secretaria de Meio-Ambiente, discuta o assunto, se não com a sociedade em geral mas, pelo menos, com os especialistas que, através da imprensa, mostraram sua preocupação com o que está por vir tendo um deles, o professor Heitor Scalabrini, dito que a nova térmica será “a maior usina suja do mundo”.

CURTAS

Nota 10

O destaque positivo da semana foram as escolas de Tempo Integral de Pernambuco, implantadas na administração do governador Jarbas Vasconcelos e ampliadas na gestão Eduardo Campos. Levantamento do JC, com base no Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM), concluiu que os alunos dessas escolas alcançaram 542,21 pontos na prova do ENEM acima da média nacional que foi 511,21 pontos.

Danilo

Assessores do secretário Danilo Cabral andaram procurando uma casa para alugar em Parnamirim. Será para um comitê ou o secretário quer morar em casa alugada? A casa que foi comitê de Danilo em 2010, também em Parnamirim, está no momento alugada ao PMDB que deslocou sua sede do Rosarinho para lá.

Astros fora

Se João Paulo decidir desobedecer ao seu astrólogo Eduardo Maia é porque tem algum motivo especial. Afinal, Maia o aconselhou a apoiar João da Costa, contra tudo e contra todos, alegando que ele venceria a eleição, como venceu, embora tenha sido uma vitória de Pirro e em 2010 disse a JP que não tentasse se candidatar ao Senado. Maia agora acha que JP deve se resguardar para 2014 e se candidatar a governador.