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Henry: oposição desde o primeiro dia

{ Posted on 22:22 by Edmar Lyra Filho }

Ex-candidato à Prefeitura do Recife, o deputado federal Raul Henry (PMDB) mostra-se disposto a “revitalizar” o PMDB em Pernambuco e, com isso, cumprir o seu papel como oposição no Estado, principalmente, em relação ao prefeito recém-empossado, João da Costa (PT). Em entrevista à Folha, o peemedebista defendeu uma marcação cerrada desde primeiro dia da gestão petista. Henry aposta no potencial político do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) para disputar o Governo do Estado, no próximo pleito. E atacou a gestão Eduardo Campos (PSB): “A Educação e a Saúde, que ele ficou de enfrentar, não apresentam resultados satisfatórios”, reclama o parlamentar, acresentando que a principal ação promocional da administração socialista se baseia nos frutos do Governo Jarbas.

Passado o pleito municipal, o senhor a que atribui a vitória governista?

A coisa mais importante dessa eleição foi a conjuntura que existia no País, que favorecia o discurso da continuidade, tanto que, na grande maioria das cidades, foi o discurso da continuidade que venceu a eleição. Foi assim em São Paulo, em Fortaleza, em Salvador, em Porto Alegre. O que percebíamos, no início do ano, quando fazíamos pesquisas, é que a população estava muito satisfeita com a vida. Quando você tem, numa conjuntura, essa variável, ela é determinante no resultado eleitoral. E no Recife não foi diferente. É inegável que havia aprovação do prefeito João Paulo, mas, mesmo assim, a eleição foi definida por 51% a 49%.

Pode-se interpretar esse resultado como uma falha da oposição?

O que havia nessa conjuntura nacional era ampliação do emprego, da renda, um aumento do consumo, uma expansão do crédito. A conjuntura econômica é determinante no grau de satisfação das pessoas com a vida.

O senhor subiu de 5% para 16%. Isso significou uma vitória sua pelo fato de o senador Jarbas Vasconcelos não transferir votos?

Acompanhamos a campanha toda com pesquisas e Jarbas é uma pessoa que tem uma grande aprovação, um grande respeito da população. O governo dele, olhado restrospectivamente, goza de um grande conceito junto à população do Recife. A questão é que nós tivemos três candidaturas do mesmo campo de forças, inclusive, com dois candidatos que receberam o apoio de Jarbas nas duas eleições anteriores, Cadoca (PSC), em 2004, e Mendonça Filho (DEM), em 2006. Então, as pessoas diziam que Jarbas pede voto para aquela pessoa que é o candidato dele naquela eleição. E isso relativizou o peso do pedido de voto dele. Mas ele, pessoalmente, tem um grande conceito e uma elevada taxa de aprovação.

Jarbas chegou a proibir que Mendonça usasse a imagem dele no guia eleitoral durante a campanha. Agora, com a reedição da União por Pernambuco, vocês voltam a se unir novamente. Isso, às vistas da população, não pode soar como contraditório?

Não. Na campanha de 2006, a oposição saiu com dois candidatos, que foram Humberto Costa (PT) e Eduardo Campos (PSB), e ganhou a eleição (com Eduardo). Então, cada eleição tem sua história. Nessa eleição de 2008, o que nós sentimos é que os partidos tinham o desejo de apresentar os seus projetos, os seus quadros políticos. Quando essa realidade se coloca, é preciso respeitar as variáveis e os projetos dos partidos.

O senhor poderia fazer uma avaliação do Governo João Paulo?

Tem erros e acertos. Os principais erros do Governo João Paulo, e a gente viu isso na campanha muito de perto, são as áreas de Saúde, Educação e a falta de uma política para juventude. Os países que conseguiram enfrentar o drama da violência o fizeram com duas políticas: uma repressiva e uma preventiva. E no caso das prefeituras, é obrigação realizar essa política preventiva baseada em cultura, esportes, lazer e qualificação profissional. A juventude está se perdendo na violência e na droga porque não tem nenhuma perspectiva, não há uma política municipal ampla de apoio a essa juventude.

Apesar dessas deficiências apontadas, João Paulo elegeu o sucessor, João da Costa, que partiu dos 3%. A que você atribui essa força política do ex-prefeito?

João da Costa era candidato de um conjunto muito poderoso de forças. Um presidente aprovado, um governador com boa taxa de aprovação e um prefeito também. Então, ele era um candidato desse conjunto de forças. Havia 500 candidatos a vereador fazendo campanha, uma mega estrutura de campanha.

No início da campanha eleitoral, o senhor denunciou o uso da máquina em benefício de João da Costa. Hoje, só o DEM continua agindo judicialmente para tirar o mandato do petista. Uma segunda eleição, não seria um boa oportunidade para o senhor?

O que eu fiz no período de pré-campanha, no mês de maio, foi levar, ao Ministério Público (MPPE), 11 matérias de jornais locais e nacionais onde havia evidências de uso da máquina na campanha. Defendemos que não era justo, desequilibrava o jogo eleitoral. Depois disso, quem cumpriu o seu papel foi o MPPE e a Polícia Federal. E eu disse, no dia da coletiva em que reconhecia a vitória de João da Costa (PT), que essa era uma questão que agora pertencia à Justiça. O que nós fizemos foi colocar o tema no debate político. Cumpri o papel de cobrar que a eleição ocorresse em termos iguais.

Ficou alguma mágoa da campanha de 2008?

Não, muito pelo contrário. A campanha para mim foi uma experiência positiva e enriquecedora. Tínhamos um índice muito alto de desconhecimento da população. Na primeira pesquisa, com o início do programa eleitoral, 43% das pessoas diziam que nunca tinham ouvido falar no meu nome. Na última pesquisa, eu era o candidato, no dia da eleição, que tinha a menor taxa de rejeição. Crescemos na campanha, apresentamos uma proposta para cidade e era essa a razão de ser da nossa candidatura. Cumprimos o papel.

Agora, já diante do governo de João da Costa, como deve agir a oposição?

João da Costa era a peça-chave da equipe de João Paulo, foi secretário de Planejamento. Então, o que vai estar acontecendo na Prefeitura é o nono ano de uma gestão. Isso justifica a oposição desde o primeiro dia. Há áreas que têm que ser acompanhadas e cobradas. A educação municipal do Recife é uma das piores do País, de quarta a oitava série é a pior. O sistema municipal de saúde não tem nenhuma capacidade de resolver o problema da população, tanto que as emergências gerais dos hospitais do Estado vivem lotadas. E não há nenhuma política estrutural ampla para essa juventude que está matando e morrendo nas ruas.

Como o senhor avalia os dois anos da administração do governador Eduardo Campos?

Eduardo, na campanha eleitoral (de 2006), baseava a crítica dele ao Governo de Jarbas no argumento de que Jarbas tinha investido apenas em infraestrutura e não tinha cuidado do social. Hoje, é possível afirmar que a principal ação promocional do Governo de Eduardo se baseia nos frutos do Governo Jarbas que ele está colhendo, que são os investimentos em Suape e o crescimento econômico de Pernambuco. As duas grandes questões que ele ficou de enfrentar, Saúde e Segurança Pública, até agora não apresentam resultados satisfatórios, mesmo tendo chegado à metade do seu Governo.

A União por Pernambuco vai ser reeditada e já há acerto entre o DEM, o PMDB e o PSDB. Há negociação com o PV e o PPS?

Eu acho que o PPS e o PV estão no mesmo campo nosso. O que nós percebemos, hoje, é que há uma tendência muito natural de uma reunificação dessas forças para eleição de 2010.

O PV municipal, no entanto, está tentando estabelecer uma costura com o governador Eduardo Campos para 2010...

Eu não tenho notícias internas do PV. Mas se o candidato a presidente for José Serra (PSDB), ele tem uma excelente relação com o PV nacional. Claro que tudo isso são conjecturas ainda. Acho absolutamente possível que eles fiquem no nosso campo de forças.

Quem seria o candidato da reedição da União por Pernambuco para 2010?

Nós temos vários nomes. Já foram colocados os de Sérgio Guerra (PSDB), do próprio Jarbas, de Marco Maciel (DEM), de Roberto Magalhães (DEM). Mas essa é uma decisão que vai ser tomada no momento oportuno, adequado.

E isso foi percebido com o resultado das eleições de outubro...

Foi percebido com o resultado da eleição, mas isso é notório nas conversas. A gente identifica qual é o anseio dos partidos. Da mesma forma que, em 2008, todo mundo queria lançar seu candidato, hoje há uma tendência de reunificação da aliança.

Jarbas expressou-se em favor de Sérgio Guerra para disputar o Governo do Estado. Guerra devolveu a bola para Jarbas. Qual o mais cotado internamente?

Essa discussão nós não vamos ter agora. O importante é que nós temos mais uma alternativa.

Quais as previsões da aliança para janeiro. A deputada estadual Terezinha Nunes confirmou uma conversa...

Encerrando 2008 e começando 2009, é natural que os partidos voltem a conversar para definir estratégias, inclusive, de como exercer o papel de ser oposição. Discussão sobre nome eu acredito que só vai acontecer em 2010.

O senhor tem pretensões de tomar as rédeas do PMDB a nível regional?

Eu pretendo participar desse trabalho de revitalização do partido, de reorganização, para que, em 2010, ele seja competitivo com uma boa chapa de candidatos a deputados.

Quais as inovações previstas? Algo definido já, alguma mudança?

Não. Nós precisamos iniciar um processo de articulação com lideranças políticas, do Recife, da Região Metropolitana, do Interior, convidá-las para participar. O partido, depois do PT, é o mais citado pela população como da sua preferência.

E quais são os seus planos para 2010?

Vou tentar uma reeleição para Câmara.

O que acha das críticas feitas pelo prefeito João Paulo ao Ministério Público?

Acho um grande equívoco acusar o Ministério Público e a imprensa de estarem politizando essas iniciativas (as várias ações movidas contra irregularidades na PCR). São duas insituiçoes que têm grande papel na democracia. E a obrigação de quem é acusado por instituiçoes a quem cabe exercer o controle sobre a administração pública é de se defender de maneira convincente, e não fazer acusações vagas como essas.

Não se vê forte oposição ao Governo Lula....

O Governo Lula foi beneficiado porque o mandato dele coincidiu com a maior fase do crescimento da história do capitalismo. O mundo cresceu em cinco anos, com taxas superiores a 5%, e a economia brasileira naturalmente surfou nessa onda de crescimento.

O mérito seria então da economia mundial e não da política financeira do Governo Lula?

Eu acho que Governo Lula teve o mérito de manter uma política econômica que foi basicamente a continuidade da política econômica do Governo Fernando Henrique Cardoso (FHC), que foi uma política econômica que preservou a moeda, que garantiu estabildiade. Em vários momentos, como agora, errou na dose da taxa de juros. Mas garantiu a estabilidade da moeda, porque, na inflação, quem mais perde são os mais pobres. Garantir a estabilidade da moeda é uma coisa fundamental para que você crie as condições para que a economia se desenvolva, para que as pessoas possam consumir.

Na sua concepção, quais pontos podem ser atacados pela oposição para ganhar espaço diante desse cenário favorável ao Governo?

Um exemplo é que o Governo Lula está dizendo agora que todo o esforço dele vai ser no investimento, mas foi um Governo que aumentou muito o custo do Estado brasileiro. A economia cresceu, o Brasil aumentou a sua arrecadação, mas isso não foi transformado em investimento. Tudo foi gasto com custeio. A folha de pagamento da união vai sair de R$ 70 bilhões para R$ 135 bilhões, no próximo ano. Um recurso que deveria ser investido para o País crescer, com ampliação e requalificação da infra-estrutura, foi praticamente todo desperdiçado com o custeio da máquina. São coisas que têm que ser apontadas. E nós temos uma outra variável relevante, que é um candidato à Presidência da República que é favorito, identificado pela população como a pessoa mais preparada e qualificada para ser o presidente do País, que é José Serra (PSDB).

Folha de Pernambuco

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