O futebol pernambucano está na UTI, não pelo público nos estádios, muito menos no futebol apresentado nos jogos do campeonato pernambucano, e sim por outros fatores. Dois clubes grandes disputando a Série B, um time mediano na mesma divisão e o clube de maior torcida do estado na quarta divisão do futebol nacional.

Enquanto em outros estados a união dos clubes é realizada para poder aumentar seu poder de barganha perante negociações com televisão, patrocinadores, etc. Onde, como em qualquer negócio, o trabalho cooperado atrai muito mais recursos do que apenas uma organização tentar barganhá-los, Pernambuco utiliza o monopólio financeiro do Sport Clube do Recife.

Para se ter uma ideia, até 1995, o Sport detinha 28 títulos pernambucanos, enquanto o Santa Cruz detinha 23 e o Náutico 18. Existia concorrência, havia disputa, e quem ganhava era o futebol pernambucano.

Quando o Sport ingressou no Clube dos 13, houve uma falência do futebol pernambucano, a nível estadual o Sport chegou a 39 títulos, conquistando em 16 anos simplesmente 11, enquanto o Santa Cruz conseguiu 2 e o Náutico 3.

Alguns podem até falar em soberania de um determinado clube, eu falo em covardia. Afinal, desde que entrou no Clube dos 13 o Sport conquistou apenas um título nacional que foi a Copa do Brasil, competição conquistada por times menores como Jundiaí, Santo André, entre outros.

O Sport amarga uma segunda divisão, assim como o próprio Náutico e o Salgueiro que bravamente chegou nesse lugar tirando leite de pedra. Já o Santa Cruz, por não ter recursos e por gestões desastrosas, amarga uma quarta divisão.

Não dá pra se considerar forte quando o adversário é fraco. Cantar vitórias nem sempre é sinal de força. Disputar contra o Náutico, o Santa Cruz e outros times menores é praticamente chutar cachorro morto, tamanha é a discrepância financeira que o Sport tem perante os demais clubes.

Com o título de 2011, o Santa Cruz surpreendeu a todos porque não tinha recursos para conseguir montar uma equipe consistente e de qualidade para disputar de igual pra igual com os seus adversários e principalmente contra o Sport.

A vitória do Santa Cruz é uma exceção à regra estabelecida em Pernambuco. A ditadura financeira que existe neste estado. Onde tudo vai para um clube e quase nada vai para os demais. Foi uma verdadeira vitória do tostão contra o milhão, de David contra Golias e por isso o povão voltou a sorrir.

Consquistar campeonatos estaduais é extremamente importante, é inebriante, mas isso só se torna efetivamente relevante quando há condições iguais de disputa como é no Campeonato Baiano, no Paulista, no Mineiro, no Gaúcho, no Carioca, etc.

Em Pernambuco infelizmente isso não existe. O amadorismo da diretoria do Sport é vexatório, porque se realmente fosse competente e quisesse lutar pelo próprio desenvolvimento e pelo fortalecimento do futebol pernambucano para que nossos clubes tivessem condições de ganhar verdadeiramente um campeonato brasileiro, chamava Santa Cruz e Náutico e buscava negociar em grupo o televisionamento e também com patrocinadores.

Na conjuntura financeira do futebol local, um título do Santa Cruz ou do Náutico equivale a cinco do Sport. Enquanto continuar essa discrepância financeira, o Sport continuará na Série B brigando pra não ir pra Série C, assim como o Náutico, e o Santa Cruz ficará lutando com a força da sua imensa torcida para tentar sair do buraco que se encontra.

Infelizmente, nessa arrogância e prepotência de um clube por uma pseudosoberania, quem perde é o futebol pernambucano.