Por Daniel Coelho*

Ontem, foi um dia daqueles. O sofrimento do povo do Recife se expressou em pânico e desespero. Numa nova realidade de comunicação em tempo real, com redes sociais e internet fazendo circular informações numa velocidade incrível, pudemos ver a força de um boato dizendo que a cidade iria ser inundada pelos rios que nos trazem o apelido de Veneza brasileira.

Escolas, faculdades, escritórios e até o comércio, na semana do dia das mães, fechando as portas. Pessoas correndo para tentar chegar em casa. Celulares tocando, com mães, pais, esposas, todos preocupados em saber onde estavam seus entes queridos. Cenas que mais pareciam ser de um filme de ficção. Isso tudo aconteceu no 05 de maio de 2011.

Mas foi boato ou o quê? O Recife não foi inundado como alguns profetizaram. Não mesmo? Faz duas semanas que ruas alagadas, pessoas desabrigadas, doenças e prejuízos dos mais diversos fazem parte da rotina do recifense. No primeiro momento desta crise, o prefeito do Recife sumiu, ou achou um melhor lugar para estar: em Madrid. De volta, ele ainda tenta achar seu lugar, ou saber o que fazer.

Esse boato de ontem não foi uma invenção, mas um exagero de um fato real que não veio da brincadeira de alguns twitteiros, nem foi movimento político da oposição. Ele só ganhou força porque a cidade vive uma realidade preocupante: o povo não confia mais no seu governo. A PCR perdeu a confiança da população. Este é o fato. E, como num navio sem comandante, a cidade parece estar à deriva.

Com todos olhando para o céu e apenas rezando, torcendo, cada um à sua maneira, para que os ventos não levem esta embarcação para uma situação pior do que a atual. E neste barco à deriva, qualquer início de boato pega rápido. Não podemos afirmar que nossos rios cobriram a cidade por completo, só parcialmente. Mas que o Recife afundou, afundou. Porque a moral e a auto-estima de nosso povo foram por água abaixo.

* Deputado estadual pelo PV