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Armando: elevação da taxa de juros foi desnecessária.

{ Posted on 23:32 by Edmar Lyra Filho }


Ouça a matéria da Rádio Senado: http://migre.me/5jGXL

Em entrevista para a Rádio Senado, nesta quinta-feira (21), o senador Armando Monteiro avaliou como desnecessária a elevação de 0,25 ponto porcentual da taxa básica de juros, para 12,5% ao ano, anunciada pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom). Para Armando, a decisão impõe custos ao País, penalizando, por exemplo, a indústria. “A nossa opinião é de que não havia necessidade deste novo movimento. De qualquer forma, o que nós imaginamos agora é que a taxa básica se estabilize”, afirma. O senador diz ainda ser difícil explicar por que o Brasil, apesar dos recentes avanços na área econômica, tem taxa de juro real mais alta do mundo, hoje próxima de 7%.

Leia os principais trechos:

Elevação desnecessária

Armando Monteiro: “De qualquer forma aquelas pressões inflacionárias que preocupavam no início do ano começam a ceder. Os números iniciais, por exemplo, do mês de julho, já apontam uma queda da inflação. Há uma indicação de que o índice de inflação alcance apenas 0,10%. Ou seja, aquelas medidas anteriores, a própria elevação da taxa básica e as chamadas medidas macroprudenciais, já estavam dando resultado. Esta nova elevação me parece desnecessária. Até porque estas pressões inflacionárias estão localizadas em preços administrados e nos preços da área de serviços que, de algum modo, não são afetados por esta elevação da Selic.

Isto impõe um custo ao país, não apenas porque penaliza a atividade produtiva, mas também porque impõe ao próprio governo uma elevação no custo dos serviços da dívida pública, que é basicamente definido pela taxa de juros, pela Selic. Isto agrava o custo fiscal do serviço da dívida e impõe ao conjunto da economia um ônus. Portanto, a minha opinião é de que esta nova elevação era desnecessária”.

A meta da inflação

Armando Monteiro: “Hoje já se discute que o Brasil vai conseguir ficar no teto da meta. O centro da meta já não é possível alcançar, que seria 4,5%. Agora a luta é para que a inflação se situe este ano dentro do teto da meta, que é 6,5%. Eu acho que isso é possível, já com este resultado de julho, portanto mais uma elevação da taxa básica seria a meu ver desnecessário. Volto a dizer: isto agrava o custo dos serviços da dívida pública e impõe aos agentes econômicos também um custo desnecessário. A inflação no Brasil está se localizando muito fortemente na área de serviços e também de preços administrados, tarifas públicas, que não são afetados pela política monetária diretamente. A nossa opinião é de que não havia necessidade deste novo movimento. De qualquer forma, o que nós imaginamos agora é que a taxa básica se estabilize e que, na perspectiva de 2011 ainda, a inflação não ultrapasse o teto da meta, e possamos em 2012 buscar um resultado melhor, que seria pelo menos ficar no centro da meta”.

Taxa de juro real mais alta do mundo

Armando Monteiro: “Isso é muito difícil realmente explicar. Eu fiz há pouco tempo um pronunciamento no Senado em que nós manifestávamos exatamente a nossa inconformidade com esta situação. O Brasil é um dos poucos países que tem a taxa básica de dois dígitos, e mais do que isso, tem uma taxa de juro real que é a mais alta do mundo, hoje próxima de 7%. Nós não entendemos isto. O Brasil avançou nos últimos anos, é credor externo líquido, ou seja, as nossas reservas são superiores até à dívida externa brasileira, o Brasil alcançou a condição de grau de investimento em todas as agências classificadoras de risco, avançou do ponto de vista econômico, do ponto de vista social, tem um ambiente institucional razoável, uma democracia que se consolidou. Porque é que diante disso o Brasil ainda tem uma taxa de juros tão elevada? Eu acho que esta é uma questão que deve colocar para todos os brasileiros uma reflexão. Não é possível aceitar passivamente esta situação como se fosse algo natural. Está faltando o debate, e neste sentido os economistas, a comunidade acadêmica, precisam assumir uma posição não de conformismo, mas de podermos encontrar efetivamente condições para que o Brasil não tenha esta situação estranha. E por outro lado é preciso também que o governo dê um sentido maior de urgência a algumas ações que podem efetivamente nos conduzir a uma redução da taxa de juro real. Especialmente a necessidade de aprofundar a chamada âncora fiscal, ou seja, inaugurar um regime fiscal mais equilibrado, mais austero, para que se criem então condições de reduzir de forma mais efetiva a taxa de juro real. Em suma, é lamentável que o Brasil, depois de todos estes avanços, ainda continue exibindo uma taxa de juro real que se descola, que se distancia, da média das taxas de juros praticadas não apenas pelos países desenvolvidos, mas também, e sobretudo, pelos países emergentes, com os quais o Brasil concorre hoje em escala global. Tudo isso afeta negativamente o Custo Brasil e retira a competitividade da produção brasileira”.

Agenda Pró-Competitividade

Armando Monteiro: “Precisam avançar. A desoneração da folha de pagamento é um imperativo de redução do chamado Custo Brasil. O Brasil discute hoje a desindustrialização, um fenômeno que tem afetado a indústria brasileira, que vem perdendo posição exatamente porque o Brasil não tem hoje condições de concorrer com os países que estão inclusive ampliando a sua presença no próprio mercado doméstico, no mercado brasileiro. Então é preciso atacar uma agenda que eu chamo de pró-competitividade. E um dos pontos dessa agenda é exatamente a redução dos encargos que incidem sobre a folha de pagamento. Portanto, é urgente promover esta redução da folha, sobretudo para dar aos setores mais intensivos de mão de obra condições de continuarem a competir. Veja o quadro que se desenha hoje no setor têxtil, por exemplo. O segmento da indústria de confecções vem perdendo posição para os produtos importados. Então a questão da desoneração é urgente. É preciso que o governo possa rapidamente definir esta questão”.

Crédito da foto: Miguel Ângelo/divulgação

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