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Análise Nacional da vitória de Dilma Rousseff

{ Posted on 18:35 by Edmar Lyra Filho }
A consolidação da vitória de Dilma Rousseff neste domingo foi a efetivação do que fez o Governo Lula e o que fez a oposição.

Do ponto de vista do Governo Lula, é, sem sombra de dúvidas, um bom governo. Lula é um cara de sorte, isso ninguém pode negar. Lula pegou uma economia consolidada, a inflação controlada e uma gestão que era preciso dar continuidade com alguns avanços.

Não bastasse o bom governo que Lula fez, um ponto fundamental a ser considerado foi a brilhante comunicação tanto do Presidente quanto do próprio Governo Federal. Isso, sem dúvidas, contribuiu para a vitória de Dilma Rousseff.

A questão de pagar a dívida externa e transformá-la em dívida interna é um erro de gestão, isso não há como negar, mas do ponto de vista propagandístico tem um impacto fora do comum. Para a população menos esclarecida o que conta é que o governo pagou a dívida externa e empresta dinheiro ao FMI. Mesmo que na prática tenha sido um erro brutal do ponto de vista da gestão.

No que diz respeito ao Bolsa-Família, programa iniciado no governo anterior, Lula utilizou com maestria o programa pra si e para sua candidata, um fato que consolidou a preferência pelo seu partido e pelos seus candidatos nos beneficiários do programa.

Somados esses fatos, Dilma Rousseff era uma técnica do governo Lula, uma mera desconhecida da grande população, isso ajudou a diminuir sua rejeição, porque se fosse governadora ou uma política de carreira poderia ter o conhecimento da população, mas corria o risco de ter uma grande rejeição.

A vitória de Dilma Rousseff repete o fato da vitória de Gilberto Kassab em São Paulo, João da Costa no Recife e Márcio Lacerda em Belo Horizonte, apenas para citar esses exemplos da eleição de 2008. Candidatos pouco conhecidos, mas apoiados por governantes extremamente aprovados como Márcio Lacerda que tinha o apoio do então Prefeito Fernando Pimentel e do então Governador Aécio Neves em Minas, de João da Costa que tinha o apoio do então Prefeito João Paulo e do Governador Eduardo Campos em Pernambuco e no caso de Gilberto Kassab que tinha assumido a Prefeitura em 2006 e disputava a reeleição com o então Governador José Serra.

Por quê isso? Porque o eleitor brasileiro é, digamos, egoísta, ele pensa nele. Se a economia vai bem, continua tudo o que está, independente de partido. Se a economia vai mal e afeta diretamente o bolso do eleitor, ele tende a mudar.

Nesta eleição de 2010 não tivemos mudanças bruscas, exceto no Rio Grande do Sul onde Yeda Crusius fazia um péssimo governo, no Pará que Ana Júlia fazia um governo pífio e na Paraíba onde Zé Maranhão assumiu o governo na base do tapetão. Portanto, era um governador não legitimado pelas urnas.

No geral não tivemos mudanças bruscas do ponto de vista político.

Em 2002 José Serra disputou a Presidência em condições econômicas desfavoráveis e que atingiam diretamente o consumidor, naturalmente, representava a continuidade que ninguém queria. O povo queria mudança naquele momento e por isso elegeu Lula.

Em 2010 as condições econômicas eram totalmente favoráveis ao candidato governista e apenas se houvesse um fato muito consistente poderia facilitar a vida do oposicionista José Serra. Portanto, José Serra representava a mudança que ninguém queria. O povo clamava por continuidade porque se sentia bem com a atual situação econômica do país.

Apesar de ter iniciado na liderança, José Serra jamais era o favorito, e poderia sair vencedor, caso Dilma Rousseff perdesse a eleição. O que seria ela perder a eleição? Tudo conspirava para que ela fosse eleita, se José Serra vencesse, não seria José Serra que venceu, mas sim Dilma que perdeu. Entendem?

José Serra não foi um mau candidato, pelo contrário, se saiu muito bem, conseguiu 44% dos votos válidos no segundo turno. Considerando que Lula tem 90% de aprovação, Serra conquistou metade dos que aprovavam Lula, é um fato a ser louvado.

Poderia ter sido melhor? Óbvio. Mas isso se deu por conta de não conseguir um amplo leque de forças, tinha um partido moribundo que colocou a faca no pescoço de José Serra quando não tinha condições para isso, que é o caso do DEM, que quis a todo custo ter o vice. Quando Serra tinha um excelente vice apresentado que foi o Senador Alvaro Dias.

A indicação de Alvaro Dias naquele momento significava uma vitória para a oposição e uma derrota para o governo. Alvaro Dias é um grande Senador e que iria respaldar a chapa de José Serra. Seria um excelente contraponto ao vice de Dilma Rousseff.

A escolha de Indio da Costa, com toda sinceridade, foi um tremendo tiro no pé da candidatura de José Serra e atendeu apenas a um capricho idiota dos Maia do Rio de Janeiro.

Não que Indio fosse uma péssima escolha, mas comparada a de Alvaro Dias, jamais ele seria indicado em condições coerentes e responsáveis a política.

Do ponto de vista geral, José Serra, sem merecer, afinal, tinha mais história que a Presidente eleita, perdeu a eleição. Os fatores foram muitos, mas isso tendia a ocorrer porque a economia estava bem, e se a economia vai bem, o governo vai bem e o povo não almeja mudança.

Não se pode culpar o Senador Aécio Neves pela derrota de José Serra em Minas Gerais. Vale ressaltar que Dilma Rousseff é mineira e quer queira, quer não, os mineiros ficaram chateados com a escolha do paulista Serra em detrimento ao conterrâneo Aécio Neves para a disputa presidencial. Portanto, é mais do que natural a vitória de Dilma Rousseff em Minas Gerais mesmo Aécio Neves apoiando José Serra.

Do ponto de vista estadual, a coalizão PT/PMDB mesmo conseguindo o Governo Federal, ficou apenas com 10 governos estaduais, cinco pra cada partido.

Enquanto o PSDB chegou a 8 governadores e o PSB obteve 6. O hoje nanico e moribundo DEM ficou apenas com 2 governadores, o que ainda foi um fato a ser considerado.

Do ponto de vista de que a Presidente Dilma Rousseff tende a derrubar a fidelidade partidária, existe total possibilidade de parlamentares da oposição migrem para o governo.

Do ponto de vista dos governadores eleitos pelo DEM e PSDB, não tendem a mudar muita coisa. O que pode ocorrer é uma fusão entre os partidos e liberação de filiados para que possam seguir seus respectivos rumos.

Isso precisa ser feito em breve para que os partidos da oposição possam se estruturar visando a disputa de 2014 onde Aécio Neves surge como o principal nome para disputar a Presidência da República.

Quanto ao PSDB, este precisa conseguir garimpar partidos que hoje estão com a Presidente Dilma Rousseff, para que possa ganhar uma inserção social que com a atual aliança com o DEM não consegue.

Do ponto de vista nacional, penso que o PSB do Governador de Pernambuco Eduardo Campos pode ser um parceiro do PSDB do Senador Aécio Neves para a disputa de 2014. Entendo ser fundamental que Aécio Neves seja o candidato a Presidente e Eduardo Campos seja o candidato a Vice-Presidente.

Farei a análise do resultado do ponto de vista de Pernambuco.

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