Lomadee, uma nova espécie na web. A maior plataforma de afiliados da América Latina

Artigo: Os martírios da Saúde Pública

{ Posted on 16:24 by Edmar Lyra Filho }
Por Braga Sá*

Aprendemos com os bons Samaritanos que de hora em hora Deus melhora. E os evolucionistas nos ensinam que a lei da vida é a evolução. E Deus, sendo brasileiro, abençoa esta terra bonita por natureza. Na prática, as teorias dos bons Samaritanos e dos evolucionistas podem ser enquadradas na categoria das boas intenções, ao menos em termos de saúde pública no Brasil, que secularmente padece sob a lei do Deus-dará.

Saúde pública em Pernambuco e no Brasil rima com a cantiga da perua, de pior a pior.

Ao falar na indigência da saúde pública, sei que não estou revelando nenhuma novidade, mas a maioria silenciosa da opinião pública parece anestesiada para não perceber esta realidade.

Menino de calças curtas na minha querida terra de Caruaru, há muitas eras no século passado, guardo na memória imagens do Hospital São Sebastião, da rede pública estadual, onde tantas vidas foram salvas, tantas dores aliviadas e tantos bálsamos de esperança foram destruídos, principalmente para os mais pobres, hoje chamados de excluídos, para usar um termo politicamente correto.

O Hospital São Sebastião cumpriu a sina do santo lendário. Martirizado, deixou de existir. Flechas imaginárias silenciaram o coração do Hospital São Sebastião. São flechadas verdadeiras do descaso governamental para com a saúde pública. O antigo Hospital São Sebastião é apenas um símbolo nesse sanatório nacional.

É certo que existe hoje o Hospital Regional de Caruaru. Medidas as proporções, seria o equivalente ao Hospital da Restauração do Recife. Centro de excelências em complexidades da Medicina, celeiro de profissionais da melhor qualificação, o Hospital da Restauração é uma ilha em meio a um oceano de carências, demandas e aflições sociais. O HR também é um símbolo de martírios na área de saúde pública de Pernambuco e do Brasil.

Eu e você, leitor de classe média, nós que dispomos de um plano de saúde privada, de atendimento menos ou mais satisfatório (esta é outra história), nós somos "privilegiados". Privilegiados, vírgula, por usufruir dos serviços essenciais de saúde sem precisar acordar de madrugada para padecer nas filas do SUS, dos postos de saúde municipal ou estadual, nos corredores dos hospitais. Afora os imponderáveis da vida e os desígnios do Supremo, a classe média tenta garantir uma sobrevivência condigna, condição mínima de cidadania.

Nós provedores do governo, assalariados, ricos e remediados, contribuintes do Imposto de Renda extorsivo, PIS, Cofins, IPI, de milhões de taxas e impostos, federais, estaduais, municipais, nós temos o direito de questionar os mais de 50 bilhões de reais orçamentários torrados no sumidouro Ministério da Saúde.

Criado há 20 anos para universalizar a saúde pública no Brasil, o SUS mantem-se como uma caixa preta indevassável. Gasta muito e gasta mal. Em paralelo, 40 milhões de brasileiros da classe média investem por conta própria o que seria da competência do governo.

De martírio em martírio, continuamos no ritmo da cantiga da perua, de pior a pior, apesar do oba-ôbado governo sobre milagres no dia de são nunca. Mas ainda tenho esperanças, pois temos um atento Ministério Público, com promotores e procuradores comprometidos com a ética e com o bem-estar da população, talvez por aí, um dia seja exterminado o martírio da saúde pública no Brasil.

*Braga Sá é advogado, secretário-adjunto de Projetos da Prefeitura de Ipojuca e Presidente do Grupo de Executivos do Recife (GERE).

1 Response to "Artigo: Os martírios da Saúde Pública"

Acredito que a saúde pública do estado está em pessimo estado, contudo algo por mais que não tão visivel, vem melhorando.

Semana passada minha mãe passou mal ligou para o SAMU e até agora estamos esperando rsrsrs

Lomadee, uma nova espécie na web. A maior plataforma de afiliados da América Latina