Entenda o que é o WikiLeaks.
{ Posted on 00:49
by Edmar Lyra Filho
}

Por André Raboni do Acerto de Contas
Há alguns meses, o site WikiLeaks.org vem revelando documentos confidenciais interceptados do Pentágono, quebrando o sigilo das relações diplomáticas e militares de guerra. Em abril deste ano, WikiLeaks revelou uma filmagem em que aparecem soldados norte-americanos fuzilando um grupo de homens, incluindo dois jornalistas da agência Reuters, do alto de um helicóptero no subúrbio de Bagdá, no Iraque. Nesta semana, o WikiLeaks revelou mais uma série de documentos (“cables”) e anunciou a existência de mais milhares deles – 250 mil.
A Interpol expediu, hoje, um mandado de prisão contra o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, que escancarou as espionagens da diplomacia norte-americana – mostrando, inclusive, que o nosso ministro da Defesa, Nelson Jobim, passava informações ao ex-embaixador dos EUA no Brasil.
Entre os milhares de documentos vazados, um deles escancarou o tratamento vergonhoso que a grande imprensa brasileira concedeu ao presidente golpista das Honduras, Roberto Micheletti, tratando-o como “presidente interino” no jogo obtuso de legitimação do golpe de Estado que derrubou Manuel Zelaya (aqui).
No telegrama divulgado, o embaixador norte-americano no país, Hugo Llorens, diz que “os militares, a Corte suprema e o Congresso Nacional conspiraram no dia 28 de junho no que constituiu um golpe ilegal e inconstitucional contra” [Manuel Zelaya]. Ficou ridículo não apenas para a grande imprensa (que está ocupada com a transmissão da guerra no Rio…), mas para todos os seus pares ideológicos que repetiram acriticamente seu pensamento monolítico em favor do golpista Goriletti (que, entre outras peripécias, já havia manobrado, em 1985, para alterar ilegalmente a Constituição de Honduras).
O vazamento gigantesco de comunicações oficiais está sendo chamado de “11 de setembro diplomático” por alguns meios impressos dos EUA. Mas se engana quem pensa que “a imprensa mais livre do mundo” está dando destaque aos conteúdos desses documentos. Para além do silêncio absoluto da TV norte-americana, os impressos dão maior destaque à forma de atuação do WikiLeaks, e mandam às favas o conteúdo. Para tristeza de alguns entusiastas da democracia dos EUA, o episódio mostra que o limite da “liberdade de imprensa” por lá vai muito bem…, só que parece terminar onde começam os grandes interesses do establishment do império.
Inclusive o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, recebeu, anteontem, uma proposta de proteção por parte do governo equatoriano. Assange disse ontem que o site do WikiLeaks está sendo alvo de ataques cibernéticos que têm impedido que usuários dos EUA e da Europa acessem os documentos. O presidente Rafael Correa, através do vice-ministro do Exterior, Kintto Lucas, ofereceu residência ao fundador do WikiLeaks. Assange nasceu na Austrália e tem pulado de país em país, já que se tornou um estorvo para a diplomacia internacional – sobretudo a norte-americana. Na Suécia, onde buscava residência, está agora sendo acusado de “delitos sexuais”.
Querem prender o homem de todo jeito. A Amazon.com expulsou o WikiLeaks dos seus servidores (e concordou em derrubar o site), após pressões do senado dos EUA. A Interpol expediu um mandado de prisão. Os EUA anunciaram hoje a criação de uma comissão para investigar o vazamento das informações, e nada sobre os conteúdos. Senadores norte-americanos o classificam como terrorista. E até Sarah Palin já colocou o dedinho eleitoral no pudim de Obama: postou em seu Facebook uma mensagem incitando a caça ao fundador do WikiLeaks com “a mesma urgência que perseguimos a Al Qaeda e os líderes do Taleban”. Só pra variar, o foco não é sobre os conteúdos dos documentos, mas no fundador do WikiLeaks – o novo “Bin Laden” do terrorismo global.
A circulação pública desses cabos tem deixado os EUA diplomaticamente embaraçados com metade do planeta. Por mais que um ou outro apresentador de noticiário brasileiro tente comparar o WikiLeaks com revistas de fofocas, os cabos trazidos à luz não são apenas informações embaraçosas. Entre outras coisas, mostram um país que continua mantendo o mesmo modelo de Estado que mantinha na era Bush, com uma rede internacional de espionagem diplomática constituída dentro das suas embaixadas.
Para a Sra. Hillary Clinton, os conteúdos revelados são realmente embaraçosos. Um dos telegramas mostra em detalhes os planos elaborados pelo Departamento de Estado comandado pela Sra. Clinton para espionar o cartão de crédito do Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon.
Para quem sempre usou o termo “teoria da conspiração” pra ridicularizar os que falam em espionagem diplomática dos EUA, o episódio mostra que nem tudo é “delírio de comunista”.
Mas a Sra. Clinton já colocou em andamento sua campanha para tornar o cablegate um não-assunto. Decretou silêncio interno sobre os conteúdos divulgados, inclusive não tocando do assunto na sua coletiva de imprensa do início da semana, contando com a doce leniência da própria imprensa norte-americana, que não fez uma perguntinha sequer sobre os conteúdos dos cabos divulgados pelo WikiLeaks.
Os cabos divulgados deixam claro que as embaixadas norte-americanas ao redor do mundo são usadas como postos de espionagem. Isso sempre se soube, na verdade, assim como sempre se soube da posse de armas nucleares pelo estado israelense. Mas Netanyahu está rindo à toa, porque é interessante para si, ver o governo, digamos, menos simpático, de Obama, numa crise diplomática dessas (como se não bastasse a financeira).
Até aqui, Israel ainda está numa situação confortável, mesmo que os cabos também mostrem o lobby do governo israelense para que os EUA bombardeassem o Irã – a Arábia Saudita também fez lobby pela mesma causa. Com o silêncio decretado pela Sra. Clinton, fica evidente que insistirão na hipocrisia, no embuste, a lidar com os outros países, inclusive os grandes, como seus súditos.
Num dos telegramas revelados, mostra-se bastante curiosa a opinião do ministro das Relações Exteriores alemão, Guido Westerwelle, com relação ao Brasil. Ele diz que os países devem “prestar atenção ao Brasil como formador de opinião do Terceiro Mundo”.
Nos últimos anos o Brasil assumiu uma postura diplomática diferente do governo anterior, numa inversão que colocou o País num lugar de protagonista do jogo internacional, e não mais como um mero súdito. Mas ainda existem aqueles saudosos do ministro que ficou famoso por representar nossa diplomacia dos sapatos. Parecem não suportar ver o Brasil de cabeça erguida frente às grandes potências.
Para continuar a ler o texto completo Clique Aqui.
Há alguns meses, o site WikiLeaks.org vem revelando documentos confidenciais interceptados do Pentágono, quebrando o sigilo das relações diplomáticas e militares de guerra. Em abril deste ano, WikiLeaks revelou uma filmagem em que aparecem soldados norte-americanos fuzilando um grupo de homens, incluindo dois jornalistas da agência Reuters, do alto de um helicóptero no subúrbio de Bagdá, no Iraque. Nesta semana, o WikiLeaks revelou mais uma série de documentos (“cables”) e anunciou a existência de mais milhares deles – 250 mil.
A Interpol expediu, hoje, um mandado de prisão contra o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, que escancarou as espionagens da diplomacia norte-americana – mostrando, inclusive, que o nosso ministro da Defesa, Nelson Jobim, passava informações ao ex-embaixador dos EUA no Brasil.
Entre os milhares de documentos vazados, um deles escancarou o tratamento vergonhoso que a grande imprensa brasileira concedeu ao presidente golpista das Honduras, Roberto Micheletti, tratando-o como “presidente interino” no jogo obtuso de legitimação do golpe de Estado que derrubou Manuel Zelaya (aqui).
No telegrama divulgado, o embaixador norte-americano no país, Hugo Llorens, diz que “os militares, a Corte suprema e o Congresso Nacional conspiraram no dia 28 de junho no que constituiu um golpe ilegal e inconstitucional contra” [Manuel Zelaya]. Ficou ridículo não apenas para a grande imprensa (que está ocupada com a transmissão da guerra no Rio…), mas para todos os seus pares ideológicos que repetiram acriticamente seu pensamento monolítico em favor do golpista Goriletti (que, entre outras peripécias, já havia manobrado, em 1985, para alterar ilegalmente a Constituição de Honduras).
O vazamento gigantesco de comunicações oficiais está sendo chamado de “11 de setembro diplomático” por alguns meios impressos dos EUA. Mas se engana quem pensa que “a imprensa mais livre do mundo” está dando destaque aos conteúdos desses documentos. Para além do silêncio absoluto da TV norte-americana, os impressos dão maior destaque à forma de atuação do WikiLeaks, e mandam às favas o conteúdo. Para tristeza de alguns entusiastas da democracia dos EUA, o episódio mostra que o limite da “liberdade de imprensa” por lá vai muito bem…, só que parece terminar onde começam os grandes interesses do establishment do império.
Inclusive o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, recebeu, anteontem, uma proposta de proteção por parte do governo equatoriano. Assange disse ontem que o site do WikiLeaks está sendo alvo de ataques cibernéticos que têm impedido que usuários dos EUA e da Europa acessem os documentos. O presidente Rafael Correa, através do vice-ministro do Exterior, Kintto Lucas, ofereceu residência ao fundador do WikiLeaks. Assange nasceu na Austrália e tem pulado de país em país, já que se tornou um estorvo para a diplomacia internacional – sobretudo a norte-americana. Na Suécia, onde buscava residência, está agora sendo acusado de “delitos sexuais”.
Querem prender o homem de todo jeito. A Amazon.com expulsou o WikiLeaks dos seus servidores (e concordou em derrubar o site), após pressões do senado dos EUA. A Interpol expediu um mandado de prisão. Os EUA anunciaram hoje a criação de uma comissão para investigar o vazamento das informações, e nada sobre os conteúdos. Senadores norte-americanos o classificam como terrorista. E até Sarah Palin já colocou o dedinho eleitoral no pudim de Obama: postou em seu Facebook uma mensagem incitando a caça ao fundador do WikiLeaks com “a mesma urgência que perseguimos a Al Qaeda e os líderes do Taleban”. Só pra variar, o foco não é sobre os conteúdos dos documentos, mas no fundador do WikiLeaks – o novo “Bin Laden” do terrorismo global.
A circulação pública desses cabos tem deixado os EUA diplomaticamente embaraçados com metade do planeta. Por mais que um ou outro apresentador de noticiário brasileiro tente comparar o WikiLeaks com revistas de fofocas, os cabos trazidos à luz não são apenas informações embaraçosas. Entre outras coisas, mostram um país que continua mantendo o mesmo modelo de Estado que mantinha na era Bush, com uma rede internacional de espionagem diplomática constituída dentro das suas embaixadas.
Para a Sra. Hillary Clinton, os conteúdos revelados são realmente embaraçosos. Um dos telegramas mostra em detalhes os planos elaborados pelo Departamento de Estado comandado pela Sra. Clinton para espionar o cartão de crédito do Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon.
Para quem sempre usou o termo “teoria da conspiração” pra ridicularizar os que falam em espionagem diplomática dos EUA, o episódio mostra que nem tudo é “delírio de comunista”.
Mas a Sra. Clinton já colocou em andamento sua campanha para tornar o cablegate um não-assunto. Decretou silêncio interno sobre os conteúdos divulgados, inclusive não tocando do assunto na sua coletiva de imprensa do início da semana, contando com a doce leniência da própria imprensa norte-americana, que não fez uma perguntinha sequer sobre os conteúdos dos cabos divulgados pelo WikiLeaks.
Os cabos divulgados deixam claro que as embaixadas norte-americanas ao redor do mundo são usadas como postos de espionagem. Isso sempre se soube, na verdade, assim como sempre se soube da posse de armas nucleares pelo estado israelense. Mas Netanyahu está rindo à toa, porque é interessante para si, ver o governo, digamos, menos simpático, de Obama, numa crise diplomática dessas (como se não bastasse a financeira).
Até aqui, Israel ainda está numa situação confortável, mesmo que os cabos também mostrem o lobby do governo israelense para que os EUA bombardeassem o Irã – a Arábia Saudita também fez lobby pela mesma causa. Com o silêncio decretado pela Sra. Clinton, fica evidente que insistirão na hipocrisia, no embuste, a lidar com os outros países, inclusive os grandes, como seus súditos.
Num dos telegramas revelados, mostra-se bastante curiosa a opinião do ministro das Relações Exteriores alemão, Guido Westerwelle, com relação ao Brasil. Ele diz que os países devem “prestar atenção ao Brasil como formador de opinião do Terceiro Mundo”.
Nos últimos anos o Brasil assumiu uma postura diplomática diferente do governo anterior, numa inversão que colocou o País num lugar de protagonista do jogo internacional, e não mais como um mero súdito. Mas ainda existem aqueles saudosos do ministro que ficou famoso por representar nossa diplomacia dos sapatos. Parecem não suportar ver o Brasil de cabeça erguida frente às grandes potências.
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