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Crise: Uma onda que ameaça atravessar o Atlântico

{ Posted on 14:22 by Edmar Lyra Filho }
Por Geraldo Cisneiros

Niall Ferguson é um brilhante professor de história e administração na Universidade Harvard, nos Estados Unidos. Polêmico e demolidor em suas argumentações, honra a tradição de seu conterrâneo Adam Smith, considerado pai da ciência econômica sem ter sido “economista” (ocupação inexistente na Grã-Bretanha do século XVIII). Ferguson voltou à carga há dias, num artigo no jornal americano Financial Times, com título profético: “A crise da Grécia chegará aos Estados Unidos”.

Como um médico sanitarista em observação dos estágios de propagação global de uma pandemia, o escocês desmentiu a contraprofecia de Timothy Geithner, secretário do Tesouro dos EUA, uma vez posudo, e hoje assustado e perplexo diante do volume de ameaças medonhas que ainda pairam sobre a economia da nação em suas mãos. De passagem, Ferguson deixa claro que o problema não é localizado. Em sua lógica da “geometria fractal da dívida”, ele vê o mesmo padrão na Islândia, na Irlanda, no Reino Unido, nos EUA e em outros países, apenas em tamanhos diferentes. Isso sugere que a crise grega pode se espalhar pela Europa, atravessar o Canal da Mancha e, eventualmente, o Oceano Atlântico. O ruidoso Ferguson conclui seu pensamento citando o assessor-chefe de Obama, mas antes professor e presidente de Harvard, o economista Larry Summers, que, em tom irônico, havia deixado no ar a pergunta: “Até quando a nação mais endividada do mundo continuará sendo também a mais poderosa?”.

Geithner, como responsável pelas combalidas finanças de Tio Sam, continuava afirmando, até ontem, que os Estados Unidos não perderão nunca seu status de país absolutamente sólido e confiável em seus pagamentos. Tomara. Mas a palavra “nunca” é um perigo. Até uma agência de risco americana já concluíra, dias antes, que os EUA perigam perder sua “nota” AAA (triplo A), pela dívida de seu governo. No linguajar do mercado, o triplo A indica um risco tão baixo de calote que o investidor nem o enxerga. Mas tem gente começando, sim, a enxergar risco, e o professor Ferguson é um deles.

A crise grega não é isolada. Ela ameaça não só a Europa,
mas também os EUA e até a China


Além de tentar salvá-los de prejuízos consideráveis, uma derrocada na Grécia poderia, de fato, trazer enormes consequências para a região, dada a interligação do sistema bancário.

Exemplos: a Grécia deve cerca de US$ 10 bilhões a bancos portugueses, que devem outros US$ 86 bilhões a bancos espanhóis. Já a Alemanha tem cerca de US$ 240 bilhões a receber de bancos espanhóis, que devem US$ 220 bilhões para instituições franceses. A Itália deve US$ 511 aos franceses. E por aí vai.

Desde o ano passado, esse problema existe e vem se agravando. O alerta foi dado com clareza no Brasil e foi, inclusive, publicado em ÉPOCA. Em reportagem sobre as projeções de avanço da dívida do governo americano, o repórter especial José Fucs citava a SR Rating, classificadora brasileira de risco da qual sou fundador e sócio. Na avaliação feita pela empresa naquele ano, os EUA já haviam perdido a condição triplo A. Agora, ficou mais claro que a recuperação da economia ianque não só vai demorar, como está atrelada a uma séria reeducação do consumidor local, que aprendeu a gastar sem limite e sem medo, pois fez isso por tempo demais, sem que freio algum lhe fosse aplicado pelo próprio mercado ou por autoridades atentas.

Niall Ferguson está tragicamente correto. Quando então avaliamos o risco americano, no começo da crise que ainda agora se desdobra, era previsível a dificuldade prolongada, por dois motivos cumulativos. Primeiro, o volume espantoso de gente encalacrada em dívidas da casa própria, que passou a valer muito menos do que a hipoteca devida aos bancos. Segundo, os bancos tampouco sabendo o que fazer com suas carteiras lotadas de dívidas não pagas e de imóveis retomados sem comprador. Mesmo problemas enormes e complexos têm solução, mas elas costumam ser difíceis de adotar e demoram para mostrar efeito. Essa é a questão intratável. Políticos que jogam sempre de olho na próxima eleição têm grande dificuldade em lidar com crises arrastadas, que devoram sua popularidade dia a dia e os fazem perder a eleição seguinte. É o drama atual de Obama.

Não há solução simples para a crise provocada pela “dívida da azeitona” – assim chamada porque, neste momento, ela parece mais localizada nos países mediterrâneos produtores desse fruto. Ela tem toda a pinta de que vai sacudir tanto o fast-food americano que serve dívida ao mundo quanto os chineses glutões que vêm abusando desse prato trash.

2 Response to "Crise: Uma onda que ameaça atravessar o Atlântico"

Boa tarde!
Parabéns pelo blog! Já está nos meu favoritos!
Se você tivesse que apostar no crescimento de 3 setores nos próximos 2 anos, qual seriam esses setores?
Desde já agradeço pela sua atenção! Mais uma vez parabéns!

Na minha concepção, creio que teremos crescimento na construção civil, baseado nas perspectivas de investimentos em infraestrutura voltados para o Brasil por conta da Copa do Mundo e das Olimpíadas.

O segundo setor se dá no ramo metalúrgico, afinal, faz parte do mix de investimentos advindos com a construção civil.

E, lógico, o setor de serviços. Pois, a perspectiva de crescimento dos acima citados, necessitam da participação direta dos serviços.

A concomitância entre ambos dará ao Brasil um grande suporte de geração de emprego e renda fortalecendo a cadeia produtiva e viabilizando o desenvolvimento econômico.

Obrigado pela visita.

Seja sempre bem-vindo.

Atenciosamente,
Edmar Lyra Filho.

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