Por Edmar Lyra

Após a confirmação dos resultados do segundo turno em Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Cuiabá, Manaus, Macapá, Belém, São Luiz, Florianópolis e mais algumas cidades que houveram segundo turno, podemos tirar algumas conclusões:

A primeira é que o Governador de São Paulo, José Serra(PSDB) está plenamente credenciado para disputar a Presidência da República em 2010, ao reeleger seu candidato. Confirmando assim, a aliança PSDB/Democratas para 2010. A segunda é que o Governador de Minas Gerais, Aécio Neves sai plenamente fortalecido, com grandes chances de ser o candidato de Lula em 2010. Ao inovar numa chapa entre PSDB/PT em torno de Márcio Lacerda, demonstra capacidade em aglutinar forças para um vôo mais alto.

O Governador Aécio Neves desponta como um ótimo nome para o PMDB, partido vitorioso deste pleito municipal. Por qual motivo ? Primeiro, porque o PMDB não tem um nome próprio para a presidência, segundo, que há uma possibilidade de haver uma manobra regimental no congresso para a infidelidade partidária em um determinado momento antes das eleições.

Terceiro, o fato de Aécio ser neto de Tancredo Neves, um dos fundadores do PMDB, o que demonstra total chance para o Governador mineiro se tornar candidato pelo PMDB. O Partido dos Trabalhadores não tem um nome forte além do Presidente Lula, e pode passar a dialogar, cedendo a cabeça de chapa, e até mesmo a vice para o PSB, que seria ocupada pelo Governador de Pernambuco, Eduardo Campos, Presidente nacional da legenda.

O PT entende que saiu fortalecido no nordeste, mas no restante do país, perdeu um pouco de consistência, e mostrou-se que apesar da alta popularidade do Presidente Lula, ele não elege um poste como muitos pensavam.

Ele apoiando a chapa Aécio Neves/Eduardo Campos para 2010 sai muito fortalecido, porque ambos têm a admiração e o respeito do Presidente. São políticos jovens e testados nas urnas, que têm um brilhante futuro pela frente. Se vencerá a eleição, não poderemos saber, porém, é uma chapa fortíssima para a disputa presidencial.

É interesse do PT manter a aliança com o PMDB e com o PSB, com o apoio ao PMDB tendo Aécio Neves na cabeça da chapa, e Eduardo na vice-presidência. Pode garantir duas candidaturas fortíssimas a dois importantes Governos Estaduais, no caso de Minas Gerais com Fernando Pimentel, e Pernambuco com João Paulo. Melhor para o PT ser integrante de um Governo onde ele será peça fundamental do que lançar uma candidata própria, que seria a Ministra Dilma Rousseff, porém, ela não é testada nas urnas e poderá ter desempenho pífio nas urnas.

No campo da oposição, o Governador José Serra aparece como a melhor alternativa com uma possibilidade de ter o Senador Potiguar José Agripino Maia, que articulou uma chapa diferenciada em Natal e impôs uma bela derrota ao Governo Lula. Com a vitória de Micarla de Souza para a Prefeitura da capital potiguar.

Seria uma chapa respeitada, com visibilidade nacional, primeiro por José Serra ter sido Ministro da Saúde, que implantou os genéricos em sua gestão no Governo FHC, que ganhou respeito nacional por sua posição íntegra como um político que possui lado e tem o perfil de bom gestor. Segundo por ter o líder da oposição no Senado, um mestre da política que é José Agripino.

No Rio de Janeiro, Sérgio Cabral sai fortalecido para sua reeleição, e será fator determinante na eleição de 2010, por conta da vitória de seu neoaliado Eduardo Paes. Mesmo derrotado, o Deputado Fernando Gabeira(PV), sai fortalecido para um vôo mais alto, ou seja, uma disputa ao Senado Federal. Demonstrando ser um nome de peso nas articulações para as eleições de 2010. Ele será bem mais ouvido e terá papel determinante na oposição ao Governo Lula.

A eleição de 2010 é um processo eleitoral que está um pouco distante, mas as articulações já começaram. Do ponto de vista do PT, é fundamental que haja uma certa abertura ao PMDB, cedendo espaços, bem como o PSB que também demonstrou força.

Na Bahia, por exemplo: O Governador Jacques Wagner não fez Walter Pinheiro, mas deverá saber articular bastante para manter seu espaço e sua aliança, com a reeleição de João Henrique. Acredito que o Governador baiano poderia oferecer uma vaga de Senador ao Ministro Geddel Vieira Lima, para que não haja uma dissidência no bloco que sustenta a Prefeitura de Salvador, o Governo da Bahia e o Governo Federal.

Em Pernambuco, com a vitória de João da Costa para a Prefeitura do Recife, João Paulo se viabilizou para o Governo do Estado, a depender do desenrolar dos fatos, poderá ser o candidato da Frente de Esquerda.

Abrindo uma vaga de Senador para o atual Secretário de Desenvolvimento Econômico, Fernando Bezerra Coelho(PSB), mantendo Armando Monteiro Neto(PTB), e levando Eduardo Campos para a chapa presidencial. No campo da oposição, observa-se uma reaglutinação de forças da antiga União por Pernambuco com um nome diferenciado para a chapa, repetindo o feito de Petrolina, onde lançaram um nome que não tinha histórico político, e terminou vencendo um político experiente.

Na Paraíba, a reeleição do Prefeito de Campina Grande, Veneziano(PMDB), viabilizou sua candidatura ao Governo do Estado em 2010. Consolidando-se como uma força jovem da política paraibana. E, conseqüentemente, fortalecendo o PMDB lulista, bem como dando chance ao palanque de Aécio Neves, numa eventual candidatura apoiada por Lula pelo PMDB.

Ainda faltam dois anos para 2010, mas essa é a visão política para o pleito, o PT aprendeu que é melhor ser um coadjuvante governista do que ser um protagonista da oposição, e a aliança com o PMDB e o PSB, o coloca com grandes chances de faturar estados jamais conquistados. Como Pernambuco por exemplo.

No caso da atual oposição, não se pode mais testar nomes como aconteceu em 2006 na disputa presidencial, tem que se colocar políticos com poder de fogo nas urnas e que sejam nacionalmente conhecidos. No caso de Serra e Agripino, essa chapa sai como a melhor alternativa da oposição para 2010.