Mendonça Filho (DEM) parece saber das enormes limitações que terá na eleição para prefeito do Recife. Está só, sem outro partido aliado, sem grandes puxadores de votos para vereador. Tem garantido um índice elevado de intenções de votos, algo em torno dos 25%, mas há mais de um ano mantém-se nessa posição. Ou seja, o índice está com cara de teto. Em 2006, recebeu 42% dos votos do recifense para governador. À época contava com um time extraordinário de candidatos a deputado muito bem votados na cidade (tipo Cadoca, Raul Henry, Jungmann, Bruno Rodrigues). Hoje, quase todos estão fora do palanque dele. Daí o fato de ter, em intenções de votos, cerca de metade do que obteve na cidade dois anos atrás. O ambiente também é pouco favorável a oposicionistas, tem tudo para garantir a vitória de João da Costa (PT), com seus 16 partidos, 400 nomes a vereador e o voto vinculado a Lula, Eduardo e João Paulo. Como se não bastasse, é ruim de televisão. Mas Mendonça percorre até agora um caminho semelhante ao de Eduardo Campos, o adversário de 2006.

Ele conseguiu ajuda para campanha, inflacionou o mercado de guia eleitoral e cooptou líderes comunitários na periferia.

A campanha dele apresenta roteiro bem amarrado. Começa com a organização (iniciada um ano atrás), segue com agenda propositiva de peso e postura de oposição sem muitos ataques frontais a João Paulo (afinal, além de popular, este não é candidato, assim como Jarbas dois anos atrás. Por que, então, atacá-lo?). Mendonça gasta sapato na periferia, onde já cooptou diversos líderes comunitários; conseguiu apoio financeiro e até inflacionou o mercado de guia eleitoral. Parece mesmo ter aprendido com os erros de 2006. A diferença é que Eduardo começou sem dinheiro, em comícios sobre caixotes de madeira, com 4% de intenção de voto.