Por Edmar Lyra

Os líderes políticos da base aliada do Governo Lula costumam a sempre bater na tecla de que a oposição não tem propostas para o Brasil. Então decidi fazer uma reflexão do que o PT quando oposição pregava.

O que defendia o PT antes de chegar ao poder? Acabar com a fome no Brasil, fazer diferente de FHC no que dizia respeito à condução da economia, acabar com as privatizações, fazer a reforma política, reforma tributária, entre outras propostas.

Muitos não ouviam o que o PT dizia quando era oposição, não davam crédito aos militantes e candidatos petistas. Tanto é que Lula só foi eleito por conta de mudar a forma radical de fazer oposição, criaram o estilo "Lulinha paz e amor".

Quem disser que Lula seria eleito contra José Serra se mantivesse a estratégia de bater, bater e bater estará mentindo. Lula ganhou porque mudou a forma de se posicionar como candidato por conta de Duda Mendonça, que apresentou um novo Lula, que passou a ser aceito pela população. Caso tivesse batido na tecla das eleições anteriores, ele jamais teria chegado a Presidência da República.

Mas, voltando ao que o PT era quando oposição. Se observar o que ele pregava anteriormente, ele sofreu uma total metamorfose. Óbvio, ele não teria como manter aquelas propostas esdrúxulas e fazer um bom governo. Seria ilógico pensar nisso.

Na verdade, a diferença do PT para o PSDB, é que quando era oposição ele fazia arruaça, baderna junto ao MST, UNE e outros movimentos sociais, tudo para desgastar os governos aonde ele se contrapunha.

Enquanto o PSDB não tem essa arregimentação, não tem essa estruturação em segmentos sociais para fins escusos. Não mais do que isso.

A prova maior foi o silêncio da UNE e do MST quando estourou o escândalo do mensalão. A subserviência destes "movimentos sociais" ao PT ficou cada vez mais nítida.

Então, na disputa entre José Serra x Dilma Rousseff, não há, predominantemente, uma falta de propostas por parte do tucano. Bem como não há uma proposta da candidata Dilma Rousseff. O que ela apresentará de diferente?

O que serão colocados em jogo são o passado dos candidatos e a experiência administrativa de cada um. José Serra e Dilma Rousseff têm suas raízes na esquerda. O Governador de São Paulo foi Presidente da União Nacional dos Estudantes, onde ela não era subserviente e de fato defendia os interesses dos estudantes e dos brasileiros, Dilma Rousseff participou da guerrilha armada contra o regime militar. Ambos sofreram perseguição do regime.

Administrativamente falando, ambos têm o que apresentar como gestores. Um foi Ministro da Saúde, considerado um dos melhores da história do país, foi Prefeito e Governador de São Paulo, sendo considerado exemplo de gestor público.

A outra, nunca exerceu função pública eletiva. Porém, teve a confiança de Lula para assumir no lugar de José Dirceu, exonerado e depois tendo o mandato cassado depois do escândalo do mensalão. Inclusive, este era o nome de Lula para ser o seu candidato à sucessão. Mas, Dilma Rousseff assumiu o comando da Casa Civil, logo após assumiu o PAC que lhe deu visibilidade.

Por isso a discussão será baseada em temas que são discutidos há tempos. Reforma política, Reforma tributária, Desenvolvimento Econômico, Déficit Habitacional, Educação, Saúde, Segurança Pública, entre outros. Não havendo uma novidade propriamente dita no que diz respeito ao que cada um fez para o Brasil. Afinal, o PSDB passou 8 anos no Governo, e o PT também terá passado 8 anos.

O Brasil vai precisar de um debate qualificado, uma discussão sobre temas referentes à necessidade do povo brasileiro. Acabando com aquela dicotomia entre Direita e Esquerda, até por que, depois que o PT chegou ao poder, caiu por terra essa questão de ideologia política. O PT copiou o PSDB em diversos aspectos ao Brasil. Tanto positivamente quanto negativamente.

A diferença agora é que não haverá o partido "virgem" como em 2002, não haverá um partido que nunca governou. E o povo vai ter que escolher quem é mais preparado para comandar os destinos do Brasil a partir de janeiro de 2011.